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ARTIGO ESPECIAL

Diretrizes para o tratamento cirúrgico das doenças da aorta da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular

Luciano Cabral AlbuquerqueI; Domingo M BraileII; José Honório PalmaIII; Walter José GomesIV; Joseph COSELLIV

DOI: 10.1590/S0102-76382006000100005

INTRODUÇÃO

A despeito dos avanços ocorridos nos exames diagnósticos, nos métodos de monitorização e suporte hemodinâmico, e nas técnicas de correção cirúrgica, as doenças da aorta continuam sendo importante causa de mortalidade e morbidade cardiovascular, e um permanente desafio a cardiologistas e cirurgiões.

Nas doenças da aorta ascendente, enquanto nos casos de dissecções agudas (DA) o consenso quanto à necessidade de cirurgia imediata esteja, há pelo menos três décadas, estabelecido, o adequado momento para intervenção nas doenças degenerativas que determinam dilatação assintomática da aorta ascendente, bem como o manejo da raiz da aorta e da valva aórtica, constituem ainda objeto de discussão e de inúmeras contribuições recentes na literatura.

No envolvimento do arco transverso, as controvérsias estão centradas na escolha do melhor método de proteção cerebral, dentre a parada cardiocirculatória hipotérmica, a retroperfusão venosa, a perfusão cerebral seletiva e, mais recentemente, a perfusão anterógrada pelo eixo subclávio-axilar, e na definição de quando e em que extensão o arco deve ser incluído na reconstrução.

No tratamento das doenças da aorta descendente e tóraco-abdominal, a isquemia medular é ainda a principal preocupação, com ocorrência variável, porém significativa, nas diferentes abordagens descritas, sendo um dos motivadores do advento dos stents auto-expansíveis. Além disso, em casos de aneurismas degenerativos, à luz de estudos recentes sobre a predição da taxa de dissecção ou ruptura, a indicação de intervenção baseada exclusivamente no diâmetro tem dado lugar a decisões mais individualizadas, que consideram fatores como idade, condições co-mórbidas e resultados do grupo cirúrgico, entre outros.

Na aorta abdominal, a indicação clássica de correção cirúrgica dos aneurismas infra-renais assintomáticos, a partir de 5cm de diâmetro, pode estar sendo modificada pelos resultados de recentes trials europeus e norte-americanos; igualmente, a experiência com a exclusão endoluminal pelo uso de stents, descrita em diversos estudos comparando esta técnica à cirurgia aberta, tem sido alvo de discussão, e ainda distante de um consenso.

Estas Diretrizes têm o propósito de revisar criticamente as indicações e os resultados cirúrgicos no tratamento das diversas doenças da aorta, utilizando a Grade de Evidências, conforme proposta da American Heart Association/ American College of Cardiology, assim descrita:

Classe I: Situação em que existem evidências e/ou concordância geral de que o procedimento é benéfico e efetivo.

Classe II: Situação em que haja evidências conflitantes e/ou divergentes sobre a utilidade e eficácia do procedimento ou tratamento.

Classe IIa: Situação em que o peso das evidências e opiniões favorece a utilização do procedimento ou tratamento.

Classe IIb: Situação em que a utilização e eficácia do procedimento ou tratamento não estão bem suportadas pelas evidências e opiniões.

Classe III: Situação em que existem evidências e/ou concordância geral de que o procedimento ou tratamento não é benéfico, podendo até ser deletério.

Nível de evidência A: dados obtidos a partir de vários ensaios randomizados ou de meta-análises de ensaios clínicos randomizados.

Nível de evidência B: dados obtidos de um único ensaio clínico randomizado, ou de vários estudos não randomizados.

Nível de evidência C: dados obtidos de opiniões consensuais de especialistas no assunto.

DISSECÇÕES AGUDAS DA AORTA

Dissecções Agudas Tipo A


Nas dissecções envolvendo a aorta ascendente, a intervenção cirúrgica deve ser imediata, e tem por objetivos evitar a ruptura e a morte por tamponamento cardíaco, corrigir a regurgitação aórtica quando presente, evitar a isquemia miocárdica, excluir o local de laceração da íntima, e redirecionar o fluxo pela luz verdadeira aos ramos supra-aórticos e aorta descendente [1-7].

Na escolha da técnica de reconstrução cirúrgica, três questões devem ser consideradas: 1 - qual o diâmetro e o estado da raiz da aorta e dos seios de Valsalva no momento da intervenção e, se possível, previamente ao evento agudo; 2 - quais as condições da valva aórtica; e 3 - se há extensão ou mesmo presença de lesão da íntima no arco transverso.

Se os diâmetros da aorta ascendente e da raiz da aorta são normais, e não há desalinhamento do plano comissural da valva aórtica, nem distorção dos óstios coronários, a correção, usualmente, envolve a interposição de um enxerto reto de Dacron, anastomosado proximalmente na porção sinotubular da aorta. Ao contrário, se existe perda de sustentação de uma ou mais comissuras da valva aórtica, a mesma deverá ser ressuspendida a partir do reparo dos ângulos comissurais, antes da inserção do enxerto reto; entretanto, se não há possibilidade de correção da insuficiência aórtica pela valvuloplastia, ou se a valva aórtica é bicúspide, deve-se proceder à substituição por uma prótese, antes do implante supracomissural do enxerto [6-8], embora alguns autores relatem sucesso com o reparo de valvas bicúspides [9].

A abordagem convencional para correção cirúrgica da dissecção tipo A é a esternotomia mediana, com o circuito de circulação extracorpórea (CEC) estabelecido a partir da canulação do átrio direito e da artéria femoral, utilizando-se geralmente hipotermia moderada de 28oC a 32oC. Recentemente, a via de perfusão pela artéria axilar tem sido proposta por vários centros, com potenciais vantagens em relação à artéria femoral.

Quando a DA ocorre em uma aorta ascendente e/ou raiz da aorta previamente dilatadas, ou em pacientes com ectasia ânulo-aórtica, com ou sem síndrome de Marfan, a correção cirúrgica necessariamente requer a substituição da valva aórtica, da porção sinotubular e dos seios de Valsalva, e reimplante dos óstios coronários, utilizando-se um enxerto composto por prótese valvar e malha de Dacron, conhecido como tubo valvado [10, 11].

Na técnica originalmente descrita por Bentall e De Bono [12], os óstios coronários são incluídos na porção ascendente do tubo de Dacron, por meio de anastomoses diretas, realizadas após o implante valvar. A significativa incidência de pseudo-aneurismas tardios, associada à dificuldade do reimplante direto das artérias coronárias, em casos de dilatação não muito importante dos seios de Valsalva, sustenta a modificação proposta por Kouchoukos et al. [13], na qual os óstios coronários são excisados e implantados no tubo sob a forma de botões. Esta técnica, denominada button Bentall, tem apresentado baixa mortalidade hospitalar e menor probabilidade de eventos tardios [14-16]. Alternativamente, a modificação proposta por Cabrol et al. [17], em que um segmento de PTFE conectado é a porção ascendente do tubo de Dacron e anastomosado aos óstios coronários, de modo término-terminal, pode ser útil em pacientes idosos, em reoperações ou em casos que haja necessidade de reconstrução muito complexa dos demais segmentos da aorta torácica. Alternativamente, válvulas biológicas sem suporte (stentless) também podem ser empregadas para reconstrução da raiz da aorta.

A utilização de auto-enxerto ou homoenxerto de valva pulmonar para reconstrução da raiz da aorta, embora preconizada por alguns autores [18-21], tem apresentado elevada incidência de reoperações por degeneração tardia [22], e deve ser reservada a casos selecionados, especialmente em pacientes idosos ou com endocardite associada [23].

Recentemente, técnicas de preservação e remodelamento da valva aórtica e da raiz da aorta têm sido sugeridas por autores como Tirone e Feindel [24] e Sarsam e Yacoub [11], nas quais os óstios coronários são excisados e a porção sinotubular é recortada entre 3 e 5 mm acima do anel, de forma a manter as cúspides e a linha de inserção dos ângulos comissurais intactas; uma sutura de pontos separados com pledgets de Teflon reforça a junção ânulo-aórtica remanescente, que é anastomosada ao enxerto de Dacron; por fim, os botões coronários são reimplantados de forma similar à técnica de button Bentall. Como as técnicas de remodelamento são mais complexas e demandam, em geral, mais tempo do que as que utilizam o tubo valvado, devem ser empregadas por cirurgiões com boa experiência em situações eletivas, permanecendo os procedimentos que utilizam o enxerto composto como recomendáveis na ectasia ânulo-aórtica [23]. Quando, eventualmente, a delaminação da parede aórtica atinja os óstios coronários de forma a impedir uma reconstrução satisfatória, a alternativa se restringe ao (s) enxerto (s) de veia (s) safena (s).

Nas dissecções tipo A, para melhor hemostasia das suturas proximal e distal, podem ser utilizadas lâminas de Teflon, adesivos teciduais, como a cola de gelatina-resorcina-formaldeído (GRF), ou ambos; tradicionalmente, os folhetos separados pela falsa luz são unidos por uma linha de sutura que inclui uma lâmina de Teflon, interposta entre os folhetos, ou colocada como um reforço externo. Embora não haja consenso quanto ao benefício dos adesivos biológicos, e este produto não seja aprovado para uso nos EUA, a GRF é preconizada por grande parte dos autores, como adjuvante [23], ou mesmo isoladamente [25]. Com o mesmo propósito, e já com aprovação recente para uso clínico nos EUA, pode ser empregado o adesivo Cryolife Bioglue.

Não obstante aos excelentes resultados cirúrgicos de alguns grupos, que relatam uma mortalidade hospitalar entre 6 e 12% [3,4,6,7,16,25-28], o International Registry of Acute Aortic Dissection [29], em levantamento retrospectivo de 464 casos de dissecções agudas da aorta atendidos em 12 centros de referência nos EUA, entre 1996 e 1998, aponta uma mortalidade operatória de 26% na dissecção aguda tipo A, valor possivelmente mais aproximado da média em nossa realidade.

Quando a dissecção aórtica envolve o arco transverso, a discussão nas diversas abordagens propostas, em geral, é centrada em: 1 - quando incluir o arco no reparo cirúrgico, 2 - de que forma e em que extensão reconstruí-lo, e 3 - qual o melhor método de proteção cerebral a ser empregado.

É geralmente aceito que, quando a laceração da íntima não se encontra dentro do arco transverso, o mesmo possa ser reparado através de uma abordagem aberta (sem pinçamento), unindo-se os folhetos da parede aórtica, anastomosando ao enxerto da aorta ascendente, e redirecionando o fluxo à luz verdadeira, técnica descrita como hemiarch repair [30-36]. Entretanto, em cerca de 10 a 20% das DA, a lesão intimal ocorre dentro da porção transversa do arco, tornando indispensável a reconstrução completa e o reimplante dos troncos supra-aórticos, em bloco ou separadamente [36]. Esta tomada de decisão muitas vezes é difícil, na medida em que a morbidade e a mortalidade da intervenção total sobre o arco parecem ser substancialmente superiores ao hemiarch repair, pelo maior tempo necessário de parada cardiocirculatória (PCC) e maior nível de hipotermia, que se traduz em maior incidência de dano cerebral permanente e sangramento por discrasia.

Em uma série histórica de 60 casos de DA envolvendo o arco, operados no Texas Heart Institute, entre 1976 e 1982, utilizando PCC hipotérmica, Livesay et al. [37] relataram taxas de reintervenção por hemorragia e de AVE pós-operatório de 19% e 10%, respectivamente.

Na experiência recente do grupo do Mount Sinai Medical Center, a substituição total do arco transverso foi empregada em 11 de 19 casos de DA tipo A, com um tempo médio de PCC sob hipotermia profunda de 56 min, e com ocorrência de sangramentos excessivos (que justificaram o uso de derivação periaórtica para o átrio direito) em 40% dos pacientes [38].

Borst et al. [34], utilizando as técnicas de hemiarch repair ou de reconstrução total do arco, em 92 pacientes com DA, demonstraram que o tempo médio de PCC duplicou e a mortalidade triplicou na segunda abordagem (17 min vs 34 min, e 12% vs 36%, respectivamente). Similarmente, Crawford et al. [33], estudando 82 pacientes com DA tipo A, relataram mortalidade significativamente maior na troca completa do arco (31%), do que na intervenção restrita à aorta ascendente ou ao reparo parcial do arco (17%).

Estes achados, assim como outros relatos [30,31,39,40], parecem substanciar uma abordagem cautelosa sobre o arco, com preferência à técnica do hemiarch repair com anastomose aberta, e uso adjuvante de adesivo biológico, à exceção de casos com grande destruição intra-arco ou descontinuidade com a porção descendente da aorta torácica; nesta situação, a melhor alternativa passa a ser a inserção de um enxerto tubular de Dacron na aorta descendente, cuja extremidade distal é desprovida de anastomose (\"tromba de elefante\"), e reimplante dos ramos supra-aórticos [41,42]. Na eventualidade futura de indicação de correção da aorta descendente, a extremidade livre do enxerto pode ser anastomosada diretamente à parede aórtica, ou estendida por meio de um tubo adicional a segmentos mais distais, através de toracotomia esquerda. Como uma alternativa mais simplificada, também pode ser válido o implante de stent recoberto para tratar a aorta descendente, implantado sob visão direta no arco, sob PCC.

Dentre os métodos descritos para proteção cerebral, durante intervenções no arco transverso, os mais utilizados têm sido: 1 - a PCC sob hipotermia profunda; 2 - a PCC hipotérmica com perfusão cerebral retrógrada; e 3 - a PCC hipotérmica com perfusão cerebral anterógrada, pela artéria carótida ou, mais recentemente, pelo eixo subclávio-axilar.

Ainda nos anos 70 e 80, a PCC hipotérmica consolidou-se como método preferencial de proteção cerebral, por facilitar a inspeção do arco quanto à presença de lesão intimal, permitir a atuação em toda sua extensão, incluindo a porção proximal da aorta descendente, e impedir que o pinçamento da aorta junto ao arco possa gerar sítios de dissecção junto à anastomose distal [30,37,38,43,]. A técnica consiste no estabelecimento da CEC pela canulação átrio direito-femoral, no resfriamento lento até 18 a 20oC (temperatura em que taxa metabólica é de 18% da normal), no uso de bolsas de gelo para resfriamento tópico da cabeça e pescoço e, eventualmente, na aplicação de CO2 no campo operatório, para reduzir o risco de embolia aérea. O reaquecimento também deve ser lento, cerca de 1oC a cada 3 min, para minimizar a hemólise, e os efeitos deletérios sobre os fatores de coagulação. Diversos grupos têm apontado eficácia e segurança da PCC hipotérmica, quanto à morbidade neurológica, se o período de PCC for de até 45 min., com uma taxa de AVE entre 3% e 12% [34,37,44], embora autores como Ergin et al. [45] relatem resultados favoráveis com até 60 min de PCC, e sugiram que o dano neurológico está mais relacionado à idade avançada, e à doença aterosclerótica cerebral previamente existente, do que à PCC em si. Entretanto, dados consistentes de Svensson et al. [46], na análise de 656 casos de PCC hipotérmica, apontam aumento significativo da taxa de AVE pós-operatório quando o tempo excede a 40 min, e da mortalidade hospitalar com PCC superior a 60 min.

Recentemente, tem sido proposta a monitorização da taxa metabólica cerebral, pela aferição da saturação de oxigênio no bulbo jugular, como parâmetro para iniciar o período de PCC hipotérmica, mas sua aplicabilidade e segurança necessitam ainda ser comprovadas [47].

A retroperfusão cerebral (RPC) pela veia cava superior durante a PCC, introduzida por Ueda et al. [48], tem as vantagens de proporcionar um resfriamento cerebral sustentado, lavar metabólitos resultantes da isquemia, retirar o ar ou mesmo debris com potencial emboligênico, e permitir a infusão de substratos nutricionais durante a PCC. Entretanto, potenciais limitações como distribuição intracerebral não homogênea, presença de válvulas no sistema jugular [49], edema cerebral [50], fluxo cerebral insuficiente [51], e sangramento no campo operatório, têm tornado seu emprego discutível.

Coselli et al. [52], em estudo recente de 479 casos de reconstrução do arco aórtico, em que utilizaram a PCC hipotérmica com RPC em 290 (60%) doentes, e PCC hipotérmica isolada em 189 (40%), demonstraram mortalidade hospitalar significativamente menor no grupo submetido à RPC (3,4% vs 6,3%). Quanto à eficácia da proteção cerebral, achados favoráveis à RPC também foram descritos por Safi et al. [53], em levantamento retrospectivo de 161 pacientes submetidos à cirurgia do arco: o efeito protetor contra derrame cerebral foi três vezes superior quando a RPC foi empregada (3% vs 9%), e este benefício foi maior em pacientes acima de 70 anos. No entanto, não houve diferença significativa nas taxas de AVE ou óbito entre os grupos, quando o tempo de PCC foi inferior a 60 min, o que nos permite inferir que o benefício da RPC possa ter ocorrido, na realidade, somente pelo uso da hipotermia profunda.

Em estudo multicêntrico japonês, coordenado por Ueda et al. [48], foram analisados os resultados de 249 casos de substituição do arco aórtico utilizando RPC, entre 1994 e 1996: o tempo médio de RPC foi de 46 min, a taxa de AVE pós-operatório, 4%, e a mortalidade hospitalar, 13%. A análise multivariada identificou o tempo prolongado de CEC, a idade avançada e a urgência da cirurgia, como os mais importantes fatores de risco relacionados aos desfechos AVE ou óbito.

Outra modalidade de proteção cerebral inclui a perfusão anterógrada durante a PCC, podendo-se utilizar a infusão de sangue gelado pelas artérias supra-aórticas (cerebroplegia), ou a manutenção da perfusão pela artéria axilar, com pinçamento do tronco braquiocefálico. Na técnica originalmente descrita por Guilmet et al. [54], a temperatura do paciente é mantida em 25oC durante a PCC, parte do sangue do oxigenador é resfriado entre 6 e 12 oC, e infundido diretamente nas artérias carótidas a um fluxo de 200 a 250 ml/min, e com uma pressão de 60 a 70 mmHg. Entre 1984 e 1998, os autores utilizaram PCC e cerebroplegia em 171 casos de substituição do arco aórtico, 42 dos quais devidos a dissecções tipo A; o tempo médio de CEC foi de 121 min, o tempo médio de perfusão cerebral seletiva, 60 min, a mortalidade hospitalar, 17%, e a ocorrência de dano neurológico pós-operatório, 13% [55].

Embora outros estudos também sugiram superioridade da perfusão anterógrada sobre a RPC e a PCC hipotérmica, tanto em nível clínico [50,57] como experimental [56], complicações como sangramento nos sítios de canulação e hemorragia intracerebral têm restringido seu uso a poucos centros.

A canulação da artéria axilar e a manutenção do fluxo por uma das artérias carótidas durante a PCC, descrita por Sabik et al. [57], tem como vantagens evitar a manipulação da artéria femoral, freqüentemente acometida pela dissecção, manter sempre o fluxo no sentido anterógrado pela luz verdadeira (importante quando se utiliza a tromba de elefante), e não necessitar de hipotermia profunda, o que minimiza as complicações discrásicas. Além disso, eliminam-se os problemas de má perfusão de órgãos nobres e de criação de novos pontos de reentrada, pelo aumento de pressão na falsa luz, como bem demonstrado por Van Arsdell et al. [58]. Nesta técnica, a artéria axilar é dissecada ao nível do sulco delto-peitoral, do lado direito sempre que possível, a CEC mantida via artéria axilar-átrio D, e a temperatura levada a aproximadamente 24oC; estabelecida a PCC, a artéria inominada é pinçada na sua origem, e o fluxo diminuído para 150 a 300 ml/m2/min, para reconstrução do arco.

A experiência inicial tem sido positiva, em pequenas séries [59,60], mas sua eficácia e segurança ainda necessitam ser comprovadas.

As recomendações para o tratamento cirúrgico das dissecções agudas do tipo A encontram-se listadas na Tabela 1.

Dissecções Agudas Tipo B

Ainda existe concordância geral de que o tratamento cirúrgico das dissecções agudas tipo B esteja condicionado à presença de complicações, como sinais de ruptura aórtica (hemotórax, expansão rápida do diâmetro aórtico, alargamento de mediastino), formação de pseudo-aneurisma, isquemia grave visceral ou de extremidades, ou progressão da dissecção durante terapia medicamentosa, caracterizada por dor persistente ou recorrente. Também casos de aorta previamente aneurismática que sofreram dissecção aguda devem ser considerados para cirurgia de urgência.

Entretanto, grupos como a Stanford University demonstraram, em uma coorte de 136 pacientes com DA tipo B, que pacientes jovens e de baixo risco operatório podem ser direcionados para uma abordagem mais agressiva, com cirurgia precoce, sem aumento de mortalidade hospitalar (11%), quando comparados à terapia medicamentosa, o que evitaria a degeneração aneurismática crônica da aorta descendente [7]. Ainda que extremamente favoráveis, estes resultados não foram considerados reprodutíveis por outros centros. De fato, o International Registry of Acute Aortic Dissection [29], que pode ser considerado uma expressão do mundo real, revela que, nos casos de dissecções tipo B tratados conservadoramente, a mortalidade em 30 dias foi de apenas 10%, enquanto nos pacientes operados, a mortalidade foi 31% e a incidência de paraplegia 18%.

A abordagem cirúrgica nas DA de aorta descendente, habitualmente, consiste na substituição da porção afetada por um enxerto tubular de Dacron, através de toracotomia esquerda no 4o e/ou 7o espaço intercostal, o que pode ser realizado com pinçamento simples proximal [61,62], com CEC átrio-femoral, com ou sem hipotermia [63-66], CEC com canulação fêmuro-femoral, bypass átrio esquerdo-femoral sem uso de oxigenador [67], bypasses arteriais temporários ou, até mesmo, utilizando-se a PCC sob hipotermia profunda para uma anastomose proximal aberta [68]. Dependendo da técnica escolhida, a dose de heparina e os efeitos do nível de hipotermia na cascata da coagulação poderão determinar efeitos variáveis na hemostasia ou na produção de discrasias.

Outra técnica referida para correção das dissecções do tipo B é a tromba de elefante, inicialmente proposta por Borst et al. [42] para o tratamento cirúrgico estagiado de aneurismas complexos. Após esternotomia mediana e CEC convencional, uma PCC hipotérmica é induzida, e o arco transverso aberto longitudinalmente; um enxerto tubular de Dacron é introduzido na porção proximal da aorta descendente e anastomosado apenas no segmento proximal, após a artéria subclávia esquerda, ficando a extremidade distal livre na aorta torácica. Posteriormente, Palma et al. [69] estenderam a aplicação desta técnica a todos os casos de dissecções agudas do tipo B, a despeito da presença de complicações; os autores realizaram 70 inserções consecutivas da tromba de elefante, entre 1988 e 1995, por esternotomia mediana e curto período de PCC hipotérmica (média 31 min), e apresentaram mortalidade hospitalar de 20% e uma curva de sobrevida em 5 anos de 62%.

Para o manejo da isquemia renal, mesentérica ou de extremidades, principalmente quando a origem destes vasos encontra-se na falsa luz [70], é geralmente aceito que a fenestração por cateter deva ser o método de escolha. Isto se justifica pela elevada mortalidade que acompanha a cirurgia das DA tipo B nessas situações: 50 a 70%, na isquemia renal [71,72], 89%, na isquemia mesentérica [71,73-75] e até 87%, na isquemia periférica [72,74].

Desde que o primeiro sucesso com a fenestração por cateter-balão, para comunicar a falsa com a verdadeira luz, em um caso de DA tipo B com isquemia mesentérica, foi descrito por Williams et al.[76], em 1990, vários estudos têm procurado validar esta abordagem [77-84]; também o advento dos stents aórticos, originalmente utilizados para exclusão dos aneurismas abdominais infra-renais, introduz uma nova alternativa do manejo das dissecções complicadas de aorta descendente.

Em geral, ramos comprometidos por obstrução estática da sua origem são melhor tratados pelo implante intraluminal de stents, enquanto vasos obstruídos pelo deslocamento dinâmico da coluna de sangue da falsa luz podem ser reperfundidos pela fenestração com cateter-balão, com ou sem implante de stent na luz verdadeira. Em outras situações, stents podem ser empregados na luz verdadeira para manter a posição de origem de alguns ramos [83], ou para manterem aberta uma fenestração [85]. Outra indicação da fenestração endovascular pode ser promover uma reentrada em casos em que a falsa luz em fundo cego comprime significativamente a verdadeira, ainda que esta manobra possa aumentar o risco embolização periférica [85,86], ou de dilatação aneurismática a longo prazo, por manter a falsa luz patente [83,87].

O objetivo técnico da fenestração é criar uma \"janela\" entre falsa e verdadeira luz, através da \"rasgadura\" da camada íntima, habitualmente junto à artéria a ser salva; de preferência, o sentido deve ser da luz menor (em geral, a verdadeira) em direção à luz maior (geralmente, a falsa), utilizando uma agulha especial [70,79,84,85], e se possível ultra-sonografia intravascular (IVUS), seguida de um cateter-balão de 12 a 15 mm, que é insuflado para promover ampliação transversa da comunicação [80]. Se necessário, um stent de 10 a 14 mm pode ser implantado para impedir a oclusão da fenestração, por mecanismo de flap ou por trombose [85].

Os resultados com a reperfusão de ramos obstruídos pela dissecção aórtica, através da fenestração percutânea, mesmo que provenientes de estudos não controlados [83-85,88], têm sido consistentes: a taxa de restauração do fluxo varia entre 90 e 100%, a média de mortalidade em 30 dias é de 10%, e nenhum procedimento adicional de revascularização foi necessário, em um seguimento médio de 12 meses. Além disso, todos os óbitos relacionaram-se à irreversibilidade da isquemia no momento da intervenção, à progressão da dissecção ou a complicações cirúrgicas de intervenções combinadas.

O implante de stents na aorta descendente envolve uma diversidade maior de dispositivos e técnicas, sendo especialmente importante a margem de aorta sadia em relação à origem da artéria subclávia esquerda, a extensão da dissecção, a presença de reentrada (s) e o envolvimento de troncos viscerais. Habitualmente, o diâmetro da endoprótese é estimado por ressonância magnética, tomografia computadorizada, ecocardiografia transesofágica ou pelo IVUS, variando entre 2 e 4cm, sendo variável o comprimento ou mesmo o uso de mais de um dispositivo, de acordo com a extensão da lesão. Dependendo da proximidade dos ramos viscerais, uma parte da prótese pode ser não recoberta, para manter a patência dos óstios envolvidos. Eventualmente, bypass carotídeo-subclávio pode ser previamente confeccionado, em casos em que a proximidade do óstio da artéria subclávia esquerda pode determinar sua obstrução. A artéria femoral direita é o local mais comum de inserção, sendo o posicionamento da endoprótese guiado por angiografia, IVUS ou ambos os métodos. A monitorização da pressão arterial é criteriosa durante o implante, já que esta tende a elevar-se durante a expansão dos dispositivos, e a cair significativamente após sua colocação; recomenda-se que a pressão arterial média seja mantida entre 50 e 60 mmHg, o que pode requerer o uso de nitroprussiato de sódio [23]. Ainda que a maioria dos stents disponíveis seja auto-expansível, um balão pode ser útil para melhor fixação e modelamento da luz verdadeira.

Resultados preliminares indicam que o uso de stents nas dissecções complicadas tipo B é mais seguro e carreia riscos menores quando realizados por via percutânea, em relação ao implante por cirurgia aberta [89], e que a incidência de paraplegia pode passar a ser significativa com o implante de próteses com extensão superior a 15cm [89,90]. Por isso, diante da necessidade de tratar segmentos mais longos da aorta, nos casos com reentrada(s) distal(is), deve-se dar preferência a implantes consecutivos de próteses mais curtas, que têm a vantagem adicional de modelar melhor aortas que apresentam curvatura descendente mais exuberante. Também pode ser útil a realização de bypass carotídeo-subclávio antes do implante, em casos muito próximos à emergência da artéria subclávia esquerda, manobra que na experiência de Grabenwöger et al. [91] chega a ser empregada em cerca de 40% dos pacientes. O seguimento a curto prazo tem demonstrado que a obliteração da lesão da íntima se mantém, e o diâmetro aórtico diminui com a trombose da falsa luz; nos casos em que são descobertos vazamentos peri-prótese (\"leaks\"), e naqueles em se identificaram reentradas não vistas no primeiro diagnóstico, o tratamento em geral pode ser o implante de novo stent [92].

Recentemente, expressiva contribuição tem sido proposta pelo grupo da Escola Paulista de Medicina, com o uso percutâneo de stents auto-expansíveis, em todos os casos de dissecções da aorta descendente. Palma et al. [93] submeteram 70 pacientes com dissecções tipo B (das quais 60% eram dissecções verdadeiras e 40% correspondiam a hematoma intramural ou a úlceras penetrantes), ao implante por via femoral de endopróteses recobertas de poliéster (Braile Biomédica®), sob anestesia geral, heparinização sistêmica e hipotensão induzida. O procedimento foi considerado de êxito em 65 (93%) pacientes, por meio da documentação de exclusão da falsa luz à aortografia, tendo sido necessária a conversão para cirurgia em 5 (7%) casos; não houve ocorrência de paraplegia ou óbito. Em um seguimento médio de 29 meses (1 a 55 meses), 91% dos pacientes encontravam-se vivos, sendo a inserção de stents adicionais requerida em 49% deles. Na atualização mais recente desta série [94], com 120 casos de dissecções tipo B, os resultados mantiveram-se consistentes: a mortalidade hospitalar foi 10%, a conversão cirúrgica ocorreu em 6 (5%) casos, não houve paraplegia (ainda que 2/3 da aorta descendente tenham sido excluídos em 38 casos, e a região compreendida entre T9 e T12 foi tratada em 34 pacientes), e a sobrevida tardia foi de 87%. A necessidade de implante de mais de um stent ocorreu em 51% da amostra e, em 14 pacientes, a artéria subclávia esquerda foi intencionalmente ocluída pela endoprótese, sendo em apenas 1 caso necessária a derivação cirúrgica carotídeo-subclávia [94].

Em síntese, não há dúvidas sobre o benefício das técnicas intervencionistas percutâneas no manejo das complicações relativas às dissecções agudas da aorta descendente, em comparação à cirurgia convencional, mas questões como se o implante rotineiro de stents substituirá a abordagem inicial medicamentosa em casos não complicados, assim como o papel do implante de endopróteses na aorta descendente durante cirurgias da aorta ascendente, permanecem incertos, apesar dos resultados preliminares serem promissores.

A Tabela 2 sumariza as recomendações e modos de intervenção nas dissecções agudas do tipo B.

O seguimento a longo prazo dos pacientes com dissecção aguda da aorta, operados ou manejados conservadoramente na fase aguda, demonstra que a falsa luz se mantém patente em cerca de 80% dos casos [95]; adicionalmente, sabe-se que, em somente 10% dos pacientes operados por dissecção tipo I de De Bakey, a falsa luz mantém-se obliterada [96-99]. Entretanto, esta patência não deve ser entendida como iminência de eventos catastróficos, pois, muitas vezes, ela pode ser a principal fonte de suprimento sangüíneo de alguns órgãos nobres [95]. Na experiência Mount Sinai Medical Center [100], a persistência da falsa luz esteve associada à baixa incidência de degeneração aneurismática, e nenhuma diferença significativa na sobrevida tardia: dois (11%) de 18 casos de falsa luz patente necessitaram intervenção, e a curva de sobrevida livre de eventos em 5 anos foi de 83% para falsa luz trombosada, e de 64% em casos com falsa luz patente (p=NS).

A patência da falsa luz após cirurgia para DA parece estar mais relacionada à alta freqüência de reentrada(s) distal(is), do que ao sucesso da exclusão do sítio primário de lesão, o que reforça a necessidade de um seguimento com controle clínico extremamente rigoroso, especialmente da hipertensão arterial sistêmica (HAS), e método de imagem no 1o, 3o,6o e 12o meses, e após anualmente [23].

Há concordância que o método preferencial para monitorização a longo prazo, e eventual indicação de intervenção, deva ser a ressonância magnética nuclear (RMN), pois ela evita a exposição à radiação ou a contrastes nefrotóxicos usados na tomografia computadorizada (TC), e é menos invasiva que o ecocardiograma transesofágico (ETE); a comparação seriada de imagens facilita a detecção precoce de aumento das dimensões da falsa luz ou de toda a aorta, além de ser possível a identificação dos ramos viscerais importantes, e sua relação com a porção dilatada [101,102].

Há evidências inequívocas de que o agressivo manejo da HAS com agentes inotrópicos negativos é o mais importante fator independente na prevenção da degeneração aneurismática crônica e da ruptura; embora os beta-bloqueadores sejam a terapia de escolha, por diminuírem a dp/dt, em geral, a associação de mais de uma droga é requerida [23]. Conforme demonstrado por DeBakey et al. [103], em 527 pacientes após quadro de dissecção aguda da aorta, aneurismas se desenvolveram em 46% dos casos com pressão arterial não controlada, mas em somente 17% dos pacientes normotensos.

De todos os casos de óbito na experiência remota da Stanford University [39,75], pelo menos 15% ocorreram por ruptura aórtica, ao passo que o acompanhamento de 20 anos realizado no Baylor College of Medicine [103] revelou que 30% dos óbitos tardios deveram-se à ruptura de aneurismas crônicos. Na verdade, é estimado que cerca de 30% dos casos operados por dissecção aórtica aguda sofrerão degeneração aneurismática, sendo mais freqüente no eixo tóraco-abdominal (35%), seguido pela aorta descendente proximal (16%) e aorta ascendente (14%) [103,104]. Dados semelhantes são vistos na Europa, onde é relatada uma sobrevida de 70 a 85% no primeiro ano, e de 60% em dois anos, em casos de dissecção tipo B, sendo o prognóstico melhor nos casos de falsa luz não comunicante (80% de sobrevida em 2 anos) [96].

Os pacientes com síndrome de Marfan devem seguir um acompanhamento familiar mais estreito, no sentido de antecipação a eventos catastróficos, ou à recorrência tardia, não sendo raro casos de múltiplas intervenções [105,106]; por isso, a recomendação para intervenção na dilatação aneurismática da aorta torácica ou na ectasia ânulo-aórtica, nesse grupo específico, segue critérios mais precoces, como será comentado no próximo tópico, embora o ponto definitivo de corte devesse ser definido a partir de estudos longitudinais ainda não disponíveis, que determinassem, em indivíduos jovens com síndrome de Marfan, o diâmetro normal da raiz da aorta para esta população [107,108]. Também parece ser benéfica a restrição moderada da atividade física, em crianças e adultos jovens, pela potencial associação de hipertensão induzida pelo exercício e ruptura [109].

As informações sobre a história natural do hematoma intramural (HIM) são limitadas e, muitas vezes, conflitantes na literatura. De modo geral, pode-se considerá-lo uma condição tão potencialmente catastrófica quanto a DA tipo A, e inferir que a mortalidade seja significativa - 20% a 80% [110-112], que a evolução para dissecção verdadeira deva ocorrer em 15% a 41% dos casos [112-116], a ruptura, em 5 a 26% dos pacientes, e a evolução para cura espontânea variável [117,118]. Em um levantamento prospectivo recente de 360 casos de dissecções aórticas agudas, Nienaber et al. [113] observaram que 25 (12%) apresentavam falsa luz evidente, porém sem lesão de íntima identificável nos exames diagnósticos. A mortalidade em 30 dias quando havia envolvimento a aorta ascendente foi de 80% nos casos tratados clinicamente, e zero nos pacientes operados, semelhante à DA tipo A. Por outro lado, Vilacosta et al. [118] analisaram a evolução de 21 casos de HIM, dos quais 15 eram espontâneos - 8 envolvendo a aorta ascendente e 7 confinados à porção descendente - e 6 eram traumáticos. No grupo considerado \"tipo A\", 3 (37%) casos evoluíram com morte súbita, 3 (37%) foram operados com êxito e 2 (25%) evoluíram para cura; no grupo \"tipo B\", ocorreu 1 (15%) morte súbita e 6 (85%) tiveram curso clínico favorável com terapia medicamentosa, ao passo que no grupo traumático, houve cura espontânea em 3 (50%) pacientes e óbito nos outros 3 (50%), mas por causas não relacionadas à ruptura. Ainda que a amostra seja pequena, os autores sugerem que a história natural dos HIM seja melhor nos casos traumáticos ou restritos à aorta descendente, em comparação ao comprometimento da aorta ascendente.

Também a evolução da placa aórtica ulcerada é pouco conhecida e controversa nos insuficientes relatos disponíveis. Enquanto alguns autores a consideram tão ameaçadora quanto a dissecção aguda verdadeira, com alto potencial de ruptura, outros apontam um curso clínico benigno, que dispensa tratamento cirúrgico imediato [119,120]. Entretanto, a presença de hematoma subintimal ou de úlceras penetrantes deve ser vista como iminência de ruptura. Em levantamento retrospectivo de 198 casos de dissecção aórtica, o grupo da Yale University [121] detectou a presença de 15 (8%) úlceras penetrantes, identificadas em exames de imagem prévios ao evento agudo, das quais 13 (87%) localizavam-se na aorta descendente. A idade média e as dimensões da aorta neste grupo foram significativamente superiores à amostra total, e a associação com aneurismas de aorta abdominal infra-renal esteve presente em 40% desses pacientes, tendo-se demonstrado, na evolução hospitalar, a ocorrência de ruptura em cerca de 40% dos casos. O desenvolvimento de pseudo-aneurisma nessas placas ulceradas é outra complicação observada a longo prazo [122,123], sendo que o surgimento de dissecções verdadeiras é estimado em 10 a 20% [23].

As recomendações para acompanhamento a longo prazo de pacientes após episódio de dissecção aórtica aguda são apresentadas na Tabela 3.

DISSECÇÕES CRÔNICAS-ANEURISMAS TORÁCICOS

Aorta Ascendente - Arco Aórtico


A aorta é considerada patologicamente dilatada quando seu diâmetro excede o considerado normal para aquela idade e superfície corporal. Quando este diâmetro superar a 50% do previsto naquele segmento analisado, configura-se a definição de aneurisma.

Na aorta ascendente, a dilatação progressiva pode levar à insuficiência valvar aórtica, (mesmo em valvas anatomicamente normais), à dissecção aguda ou à ruptura espontânea, eventos que alteram dramaticamente a história natural e a curva de sobrevida, sendo a magnitude do risco relacionada ao diâmetro e ao tipo de doença estrutural da parede aórtica.

As indicações de substituição cirúrgica da aorta ascendente em pacientes com síndrome de Marfan, dissecções agudas, hematoma intramural e endocardite com destruição anular, são suportadas em evidências consistentes. Entretanto, o momento de intervenção em pacientes assintomáticos com dilatação de origem degenerativa, assim como na associação de dilatação aórtica com valva aórtica bicúspide, permanecem incertos.

Na síndrome de Marfan, existe concordância de que a correção cirúrgica profilática esteja indicada quando o diâmetro atinge 5,5cm, embora este valor possa ser menor (4,5 a 5cm), em pacientes com história familiar de dissecção, ruptura ou morte súbita [23,107,124-128]. Nos demais casos, embora a presença de sintomas ou a gravidade da insuficiência aórtica possam indicar intervenção independente das dimensões da aorta, é geralmente aceito o diâmetro de 6cm como indicativo de cirurgia em aneurismas assintomáticos [23,129]. No entanto, grupos como o Mount Sinai Medical Center [16], baseados em sua experiência recente, têm proposto critérios diferenciados para intervenção, como diâmetros de 4,3cm, em adultos abaixo de 40 anos com Marfan, de 4,8 a 5cm, em casos de achado ocasional durante cirurgia cardíaca por outra causa, e de 4,5cm, nas cirurgias por valva aórtica bicúspide [16].

As opções cirúrgicas de reconstrução da raiz da aorta e/ou da aorta ascendente já foram descritas anteriormente, mas nos casos de aneurismas crônicos, alguns aspectos podem contribuir na escolha da técnica, conforme proposto por Ergin et al. [16]:

• Idade e expectativa de vida: em indivíduos muito idosos, ou de alto risco cirúrgico, a substituição valvar e a redução do calibre da aorta por uma sutura longitudinal com suporte pode ser uma boa alternativa [130]. Igualmente, a troca valvar, seguida do implante de enxerto reto de Dacron, separadamente, pode ser apropriada a pacientes com limitada expectativa de vida [131];

• Qualidade da parede aórtica: uma aorta enfraquecida como nas dissecções agudas ou na síndrome de Marfan, em geral, exige remoção de todo o tecido friável da raiz da aorta e porção ascendente; nesses casos, podem ser úteis as técnicas de button Bentall [14] ou de remodelamento valvar [132];

• Anatomia do conjunto valva aórtica - seios de Valsalva - porção sinotubular: quando existe dilatação do conjunto, implante de tubo valvado tipo button Bentall [14] e Cabrol et al. [17] ou, excepcionalmente, auto/homoenxertos. Se a valva é normal, mas há dilatação dos seios e/ou da região sinotubular, podem ser empregadas técnicas de remodelamento valvar tipo Tirone David [24];

• Riscos de anticoagulação: em pacientes de risco hemorrágico considerável, as técnicas de remodelamento ou de auto/homoenxertos devem ser preferenciais;

• Associação de endocardite valvar aórtica: embora não existam evidências conclusivas, a maioria dos grupos preconiza auto ou homoenxerto nessa situação.

Utilizando esta sistematização, o grupo do Mount Sinai Medical Center publicou, recentemente, a experiência de 497 casos de reconstrução ânulo-aórtica ou da aorta ascendente, a maioria (n=310) dos quais cirurgias eletivas corrigidas pela técnica de button Bentall (n=250). A mortalidade hospitalar global foi de 8%, e de 5,5% quando excluídos pacientes operados em urgência; nos 250 casos de Bentall modificado, a mortalidade hospitalar foi de apenas 4%, e a curva de sobrevida livre de reoperações foi de 79% em 5 anos, e de 62% em 8 anos, resultados que substanciam os autores a recomendarem esta técnica como preferencial [16].

Em relação a aneurismas localizados no arco transverso, as indicações atualmente aceitas para ressecção cirúrgica incluem: 1- diâmetro absoluto maior que 6 ou 7cm, ou superior ao dobro do diâmetro esperado para aquele indivíduo; 2- crescimento no diâmetro superior a 7 ou 10mm por ano; 3- dor ou sintomas compressivos e 4- aneurismas saculares [133,134]. Pacientes com síndrome de Marfan, em geral, têm cirurgia indicada mais precocemente, com crescimento superior a 3 ou 5mm por ano, ou diâmetro absoluto de 5cm [135]. Os detalhamentos técnicos referentes aos métodos de reparo cirúrgico e de proteção cerebral, descritos nas dissecções agudas, envolvendo o arco transverso, são aqui também aplicáveis.

Aorta Descendente - Tóraco-abdominal

Em pacientes assintomáticos com aneurismas de aorta descendente (AAD), ou tóraco-abdominais (AATA), a identificação de preditores de dissecção, ruptura e/ou óbito vem sendo exaustivamente estudada, no sentido de estabelecer um ponto de corte seguro para indicação cirúrgica, na medida em que a mortalidade e a morbidade operatória são significativamente maiores aqui do que na cirurgia da aorta ascendente. Nesse sentido, alguns complicados modelos de equações exponenciais têm sido propostos para cálculo da estimativa de eventos agudos em casos de AAD [136,137]. Entretanto, o grupo da Yale University tem realizado estudos evolutivos consistentes e simplificados [74,129,133,138], apontando o diâmetro como o mais relevante fator independente de risco para complicações. Com base em um banco de dados de 721 pacientes com AAD, os autores acompanharam a evolução de 304 casos assintomáticos, com diâmetro mínimo de 3,5cm, e demonstraram claramente que a incidência de desfechos associados - ruptura, dissecção ou óbito - foi de 15,6% para aneurismas com diâmetro igual ou superior a 6cm, e de apenas 3,9% para diâmetros entre 4,0 e 4,9cm (p=0,004). Quando analisado isoladamente o desfecho ruptura, a razão de chances aumentou 27 vezes quando o diâmetro alcançou 6cm, em relação a casos com 4,0cm ou menos (p=0,002). Além disso, a curva da sobrevida em 5 anos dos pacientes com diâmetro maior de 6cm foi de apenas 56% em 5 anos, e de 85% para casos operados eletivamente (p=0,003), sobrevida semelhante à encontrada na população normal, com mesma idade média. Estes achados, associados à mortalidade operatória de 11% apresentada pelo grupo [139], têm levado os autores a arbitrarem em 6cm o parâmetro de indicação cirúrgica para AAD, conduta considerada consensual pelos especialistas [23].

A principal preocupação na correção cirúrgica dos aneurismas descendentes ou tóraco-abdominais ainda é a paraplegia, com incidência relatada entre 4 e 32% nos trabalhos recentes [140-151]. De fato, a injúria medular continua a ser um evento devastador para paciente, família e equipe cirúrgica. Embora a paraplegia seja um fenômeno claramente multifatorial, pode-se dizer que sua ocorrência advém de uma ou mais das seguintes condições: 1- duração e grau de isquemia medular, 2- falha no restabelecimento do fluxo da medula espinhal após o reparo, e 3- injúria de reperfusão mediada bioquimicamente.

Para redução da isquemia medular, numerosas técnicas têm sido preconizadas, com resultados clínicos conflitantes.

Quando nenhum método de perfusão distal é utilizado durante a reconstrução, a aorta pode ser pinçada apenas proximalmente como preconizado por Crawford et al. [152] para impedir a elevação da pressão liquórica, reposicionando seqüencialmente o clampe no sentido crânio-caudal, à medida em que a reconstrução avança e que os ramos intercostais principais e os ramos viscerais são incluídos na prótese. Enquanto existe relativa segurança com tempo de isquemia inferior a 30 min, esta abordagem apresenta uma incidência proibitiva de paraparesia ou paraplegia com tempo maior de 60 min [153]. Em contraste, quando se pretende que a perfusão distal seja mantida para otimizar a nutrição das artérias intercostais e lombares, breves períodos de isquemia seqüencial podem ser realizados; nesta técnica, é estabelecido bypass por via átrio esquerdo-femoral ou fêmuro-femoral, o que teoricamente permite a manutenção da perfusão até o nível de T5 ou T6 durante o primeiro pinçamento da aorta proximal e da artéria subclávia esquerda. Após concluída a anastomose proximal, o clampe distal é usualmente colocado logo acima do tronco celíaco, e os vasos intercostais principais incluídos no enxerto. No próximo passo, o clampe da prótese é posicionado abaixo do plano das intercostais, e o da aorta distal abaixo do plano das artérias renais, as quais são incluídas em bloco ou separadamente. Em seguida, o pinçamento aórtico é transferido para a porção infra-renal, e o reparo distal concluído. A esta abordagem de isquemia seqüencial tem sido inferida uma redução significativa das taxas de paraplegia e insuficiência renal [7].

Outros métodos de proteção distal podem incluir CEC com parada cardiocirculatória hipotérmica, ou o uso de shunts temporários, internos ou externos. Enquanto Kouchoukos et al. [68], suportados por incidência de 6,5% de paraplegia e de 10% de óbito em 30 dias, recomendam rotineiramente a CEC total com PCC sob hipotermia profunda, Crawford et al. [154] consideram esta técnica particularmente útil em aneurismas envolvendo parte do arco, ou extensamente calcificados em sua porção proximal, apresentando taxas de paraplegia e mortalidade de 9,5% e 16%, respectivamente.

Alternativamente, vários tipos de shunts temporários têm sido propostos, com a justificativa de necessitarem menor dose de heparina e não prescindirem de hipotermia, minimizando as complicações hemorrágicas. A maior experiência na literatura foi publicada por Verdant et al. [155], que utilizaram bypass aorto-aórtico ou aorto-femoral em 366 casos consecutivos de AAD, tendo uma mortalidade hospitalar de 12% e nenhum caso de paraplegia; entretanto, e curiosamente, mesmo com estes resultados altamente positivos, os autores têm atualmente preconizado a CEC átrio-femoral, devido à incidência significativa de AVE e lesões aórticas nos locais de derivação, além de controle inapropriado de fluxo e pressão de perfusão distal.

A drenagem de líquido cefalorraquidiano (LCR) para diminuição da pressão intratecal constitui outra forma referida de proteção medular, tendo sido amplamente testada em diversos modelos animais, associada ou não à infusão de drogas neurotrópico-negativas [156-153].

Estudos preliminares realizados na Mayo Clinic foram favoráveis ao efeito protetor da drenagem de LCR, mas os resultados subseqüentes não demonstraram significante benefício [164]. Outros grupos têm defendido a drenagem de LCR associada à infusão local de naloxona [143] ou durante CEC átrio-femoral [165].

Embora Acher et al. [143], em estudo não controlado, tenham sugerido que a naloxona associada à drenagem de LCR possa até mesmo dispensar o reimplante de artérias intercostais, nenhum benefício desta técnica foi evidenciado em ensaio randomizado subseqüente [166], tornando seu uso empírico.

O efeito da administração epidural de papaverina sobre a função da medula espinhal tem sido referido como promissor. Em modelos experimentais de pinçamento torácico por até 60 min em normotermia, a injeção intratecal de papaverina foi altamente efetiva em prevenir a paraplegia, tendo-se demonstrado através de radionuclídeos um aumento significativo do suprimento de sangue na porção anterior da medula espinhal [159]. Em nível clínico, a retirada de pequeno volume de LCR, seguida da aplicação intratecal de papaverina também se mostrou potencialmente benéfica, em alguns estudos prospectivos não controlados [149, 167], motivando ensaios clínicos em andamento [168].

Outros agentes farmacológicos propostos como adjuvantes na prevenção da paraplegia, incluem corticoesteróides [144], lidocaína [144], manitol [169], sulfato de magnésio [161], prostaglandinas [153], alopurinol [170], flunarizina [171], entre outros, mas nenhuma droga mostrou-se isoladamente efetiva de forma a sustentar seu emprego na prática clínica.

Uma recomendação consensual diz respeito à necessidade de reimplante do máximo número de artérias intercostais principais, particularmente no 1/3 inferior do tórax e abdome superior, entre T7 e L1 [168]. Vários estudos anatômicos já demonstraram que o suprimento sanguíneo da medula em nível torácico é predominantemente proveniente das artérias intercostais entre T4 e T12, e das lombares entre L1 e L4 [172-174], e que entre T7 e L1, em mais de 90% dos indivíduos emerge a mais importante artéria radicular, referida como artéria de Adamkiewicz ou radicular magna. Ainda que nos processos crônicos, como aneurismas ateroscleróticos, possa haver desenvolvimento de circulação colateral capaz de manter a função medular mesmo quando há sacrifício extenso de ramos intercostais, ou que a trombose precoce de alguns patchs de intercostais seja um evento arteriograficamente documentado [175], todo o esforço deve ser feito para o salvamento destes vasos. Nesse sentido, a preservação da parede posterior da aorta torácica terminal, proposta por Williams [176], pode ser uma manobra válida.

Devido à diversidade de variações anatômicas no suprimento sanguíneo medular, que podem incluir desde uma artéria radicular magna bem desenvolvida e facilmente identificada, ou várias intercostais terminais calibrosas, e até mesmo várias e numerosas arteríolas de pequeno calibre, modelos de mapeamento intra-operatório de artérias segmentares têm sido testados, com o objetivo de selecionar artérias a serem reimplantadas e reduzir o tempo de pinçamento aórtico, como a infusão intra-operatória de hidrogênio para identificação dos ramos intercostais que efetivamente contribuem na perfusão medular [177].

Similarmente, vários estudos experimentais e clínicos [47,154,159,178-184] têm sido desenvolvidos tentando definir o papel dos potenciais evocados motores ou somato-sensoriais, na monitorização da atividade da medula segmentar e na prevenção da paraplegia, embora com resultados muito variáveis, e de recomendação ainda não consensual quanto à eficácia como método isolado na prevenção da isquemia medular [168]. Crawford et al. [172] analisaram prospectivamente o papel dos potenciais evocados somato-sensoriais (PESS), em ensaio randomizado com 198 pacientes submetidos à correção de AAD ou AATA. Além da monitorização dos PESS não ter demonstrado efeito neurológico protetor, houve incidência de 13% de falsos negativo, e de 67% de falsos positivo, nas respostas no grupo monitorizado, o que levou os autores ao descrédito em relação à técnica.

Como referido na seção Dissecções Agudas, uma abordagem inovadora e altamente promissora no tratamento dos AAD é o implante de stents auto-expansíveis, introduzido pelo grupo da Stanford University [185]. Preliminarmente, os autores procederam ao implante percutâneo por via femoral, de stents auto-expansíveis recobertos por Dacron, em 13 casos de aneurismas torácicos crônicos, com diâmetro médio de 6,1cm. A exclusão imediata foi observada em 12 pacientes, e não houve óbito ou paraplegia na fase hospitalar, nem no seguimento médio de 11,6 meses. Em ensaio clínico desenvolvido subseqüentemente [90], os mesmos autores ampliaram a experiência para 103 implantes, a maioria dos quais com risco cirúrgico proibitivo, e obtiveram sucesso imediato em 83% dos casos. A mortalidade precoce foi de 9%, paraplegia foi observada em 3% dos pacientes, e 7% desenvolveram acidentes isquêmicos cerebrais durante a internação. O seguimento tardio de 3,7 anos demonstrou uma sobrevida livre de eventos de 53%, e o grupo passou a recomendar esta técnica a pacientes selecionados de alto risco operatório. Entretanto, a maior experiência com a exclusão percutânea de AAD foi recentemente publicada por Buffolo et al. [94], que entre 1996 e 2002 procederam 191 implantes de stents, em casos de dissecção tipo B (n=120), aneurismas torácicos verdadeiros (n=61), hematomas ou úlceras penetrantes (n=6) e lesão traumática da aorta descendente (n=4). Em todos os pacientes, foi empregada anestesia geral, hipotensão induzida (PAM entre 50 e 60 mmHg), heparinização apenas durante o procedimento (5000 UI/IV), e stents recobertos por malha de poliéster (Braile Biomédica®), cujo tamanho foi calculado como excedendo em 10% a 20% o diâmetro da aorta. A taxa de sucesso nos implantes, definido como a obliteração da laceração de íntima ou a completa exclusão dos aneurismas sem extravasamentos, foi de 91% [144,183]; a mortalidade hospitalar foi de 10%, a conversão para cirurgia necessária em 6 (3%) pacientes e nenhum caso de paraplegia foi observado.

Não há dúvidas de que estes resultados, caso sejam confirmados em estudos subseqüentes, talvez representem o mais importante avanço no tratamento de uma das doenças cardiovasculares de mais alta morbidade e mortalidade, e mais desafiadora para os cirurgiões, que são os aneurismas torácicos e tóraco-abdominais.

A Tabela 4 apresenta as recomendações para o manejo dos aneurismas crônicos da aorta torácica.

Aorta Abdominal Infra-renal

Em poucas situações na Medicina, uma intervenção cirúrgica dita \"profilática\" tem um impacto tão grande na modificação da história natural de uma doença, como nos aneurismas de aorta abdominal infra-renal (AAA), não somente por sua alta prevalência (90 a 95% de todos os casos de aneurismas de aorta), mas também pelo incremento de morbidade e mortalidade que acompanha a correção em caráter de urgência (risco de óbito 10 vezes maior do que na cirurgia eletiva). Para o estabelecimento de diretrizes para indicações de reparo eletivo dos AAA, no sentido de substanciar uma tomada de decisão, alguns aspectos sobre comportamento desta doença devem ser considerados:

• Aneurismas abdominais são encontrados incidentalmente com freqüência, sobretudo na população idosa. Vários estudos têm estimado que AAA são encontrados em 2% dos indivíduos aos 60 anos, e em cerca de 5% das pessoas com idade superior a 70% anos, sendo 2 a 3 vezes mais comum no homem do que na mulher [186,187];

• A associação de AAA com algumas doenças é conhecida e relativamente previsível: sabe-se que AAA podem ser encontrados em torno de 5% dos pacientes com aterosclerose coronária [188], em 9% nos casos de arteriopatia periférica [189], e em 30% a 50% dos pacientes com aneurismas poplíteos ou femorais [190];

• AAA são facilmente detectáveis pelo exame clínico e por métodos diagnósticos não invasivos. Em linhas gerais, um examinador experiente pode palpar diretamente aneurismas a partir de 5cm de diâmetro, mas a precisão do diagnóstico somente pela palpação é inferior a 50%, ao passo que a ultra-sonografia é hábil em diagnosticar AAA de qualquer diâmetro em 100% dos casos;

• A ruptura dos AAA é considerada um problema de saúde pública de grande magnitude, estimando-se em 15.000 óbitos ao ano nos EUA dentre os casos que conseguem chegar ao hospital, e talvez o dobro ou triplo deste número se incluídos todos os casos de morte súbita por AAA que ocorram fora do ambiente hospitalar [187];

• A ruptura dos AAA é mais relacionada a aneurismas grandes, de crescimento rapidamente progressivo ou com início recente de sintomas. Estima-se que o risco de ruptura em 5 anos para aneurismas com menos de 5cm de diâmetro seja inferior a 5%, enquanto nos aneurismas maiores de 5cm o risco acumulado se eleva para 25 a 43% [191-195]. A análise multivariada de alguns estudos identificou, como maiores preditores de risco para ruptura, a expansão rápida documentada e a presença de dor abdominal ou lombar significante, independente do tamanho do AAA [196-198];

• Aneurismas pequenos crescem com velocidade variável: embora estime-se que a média de expansão dos AAA deva ser de 0,4cm/ano, existe uma grande variabilidade que torna impossível predizer a evolução em um indivíduo específico [199];

• O risco de morte ou complicações maiores com a cirurgia eletiva dos AAA é dependente da experiência do grupo cirúrgico e do volume cirúrgico do hospital, mas, na era recente, a mortalidade deve ser inferior a 5%. Embora a meta-nálise de estudos recentes aponte uma mortalidade média de 3,5% [192,194,200-206], uma variação de até 10% pode ser observada entre cirurgiões ou entre instituições [207].

A presença de sintomas nos AAA é indicação cirúrgica consensual, independente do diâmetro, e incluem dor/desconforto lombar ou abdominal, embolização distal ou manifestações de compressão de estruturas vizinhas. Obviamente, a cirurgia de emergência é mandatária nos casos suspeitos de ruptura.

Também aneurismas de etiologia inflamatória têm indicação de correção eletiva independente das dimensões, por se acompanharem de manifestações sistêmicas significantes, como febre e emagrecimento [187].

Para pacientes assintomáticos, a indicação de intervenção deve considerar o risco de ruptura versus o risco operatório individual e a expectativa de vida. Nos anos 90, a recomendação da International Society for Vascular Surgery era de cirurgia eletiva para AAA com diâmetro igual ou superior a 5cm, ou mesmo 4cm em pacientes com DBPOC, e baseava-se na baixa mortalidade pós-operatória encontrada nesse grupo (1%) [187,195]. Também havia clara recomendação de contra-indicar a correção cirúrgica de AAA de qualquer diâmetro, na presença de neoplasia metastática, insuficiência cardíaca grave, ou outra condição que limitava a sobrevida em não mais de 2 a 3 anos [187]. Entretanto, resultados de dois grandes ensaios clínicos recentes devem possivelmente modificar estes critérios.

No United Kingdom Small Aneurysm Trial [208], 1090 pacientes com aneurismas assintomáticos com diâmetro entre 4,0 e 5,5cm foram randomizados para tratamento conservador e ultra-sonografias seriadas ou reparo cirúrgico eletivo, e acompanhados por um período de 6 a 10 anos (média: 8 anos) A mortalidade operatória foi de 5,5%, e a sobrevida em até 8 anos foi semelhante em ambos os grupos, embora ligeiramente superior no grupo submetido a inrtervenção após este período. Não foi observada diferença nesse comportamento em relação a idade, sexo, ou tamanho inicial do aneurisma, e os autores concluíram que AAA assintomáticos com diâmetro igual ou inferior a 5,5cm podem ser acompanhados conservadoramente, sem riscos adicionais.

Estes achados também se confirmaram no Aneurysm Detection and Management Veterans Affairs Cooperative Study [209], em que 1136 pacientes, com aneurismas infra-renais com diâmetro entre 4,0 e 5,4cm, foram randomizados para tratamento cirúrgico (n=569) ou para controle ecográfico periódico (n=567). A mortalidade hospitalar no grupo operado foi de 2,7%, e não houve diferença na sobrevida em 5 anos entre os grupos. Não houve redução na taxa de morte relacionada a complicações do AAA no grupo submetido a intervenção (3% vs 2,6%), e o risco de ruptura nos pacientes não operado foi mínimo (0,6% por ano). Os autores não recomendam, portanto, cirurgia eletiva para AAA com até 5,4cm, mesmo quando a mortalidade cirúrgica do grupo for baixa.

Em contrapartida, a alta incidência de ruptura dos AAA com diâmetro superior a 5,5cm foi bem demonstrada pelos mesmos autores [210], em uma coorte de 198 pacientes com contra-indicações absolutas ao reparo cirúrgico. A taxa anual de ruptura foi de 9,4% para diâmetros entre 5,5 e 5,9cm, de 10,2% para casos entre 6 e 6,5cm, de 19% entre 6,6 e 7cm e de 32,5% nos pacientes com diâmetro maior de 7cm, o que corrobora a recomendação dos estudos anteriores.

A terapia intervencionista com o implante de stents tem sido recentemente proposta como alternativa ao tratamento cirúrgico dos AAA. Desde que Parodi et al. [211] realizaram a primeira exclusão percutânea de um aneurisma infra-renal há 12 anos, diversos dispositivos têm sido desenvolvidos e testados, sem que haja atualmente concordância de que possa ser um eventual substitutivo da cirurgia convencional. Os resultados atuais apontam para uma taxa de sucesso imediato em torno de 95%, a conversão para cirurgia têm sido necessária em cerca de 3% a 5% dos casos, e a mortalidade hospitalar relatada em aproximadamente 3%. As complicações precoces mais comuns são hematomas inguinais (7%), trombose arterial (3%), e ruptura de artéria ilíaca (1,5%). A longo prazo, os vazamentos (endoleaks) têm sido demonstrados em cerca de 10% a 20% dos casos, com resolução espontânea em apenas 40% a 50% deles [2123]. Quando a comparação entre o implante de stents e a cirurgia convencional é realizada, como nos estudos de Hallett et al. [213] e de May et al. [214], pode-se observar que não existem diferenças significativas na mortalidade e morbidade precoces, mas a curva de sobrevida livre de eventos em 2 anos é marcadamente melhor no grupo cirúrgico (93% vs 67%).

Em conclusão, baseado no mais recente Guidelines da American Association for Vascular Surgery e da Society for Vascular Surgery , pode-se afirmar que: 1 - pacientes assintomáticos de baixo risco devem ser considerados para cirurgia eletiva com diâmetro mínimo de 5,5cm (em mulheres o diâmetro arbitrado pode ser de 5cm); 2 - casos de risco perioperatório significativo com 6cm; 3 - que o manejo clínico ótimo deve incluir controle da hipertensão e abandono do fumo. A terapia endovascular pode ser uma alternativa válida em pacientes de alto risco cirúrgico, embora esta seja uma indicação não consensual [215].

A Tabela 5 apresenta os critérios atuais de intervenção nos casos de AAA.











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Nota do Editor

A seguir, publicamos os comentários do Dr. Joseph Coselli a respeito das Diretrizes para o Tratamento Cirúrgico das Doenças da Aorta. A idéia é fazer com que os leitores da RBCCV possam enriquecer seu conhecimento nesta área e aplicar as diretrizes de maneira adequada no exercício da profissão.

COMENTÁRIOS

Dr. Joseph COSELLI


Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar os autores pelo manuscrito extremamente bem redigido, traçando as Diretrizes para a cirurgia das doenças da aorta. Teria a propor alguns comentários e contribuições.

Nas dissecções agudas tipo A, o risco de morte iminente devido à ruptura, ou à insuficiência cardíaca congestiva pela insuficiência aórtica súbita, e de complicações graves por oclusão de ramos arteriais, como acidente vascular encefálico ou isquemia de extremidades, reforçam a necessidade do reconhecimento precoce desta situação. Em relação ao sítio de perfusão arterial, gostaria de enfatizar que o uso da artéria axilar direita, canulada diretamente ou pela interposição de um enxerto de Dacron, tem se tornado o método de escolha na correção de dissecções, em contraposição à artéria femoral, e é a rotina em nosso grupo.

Em relação às alternativas técnicas quando a dissecção ocorre em uma raiz da aorta previamente dilatada, gostaria de acrescentar, como alternativa, a possibilidade do emprego de válvulas biológicas stentless, recém aprovadas para uso clínico nos EUA. Em relação à técnica descrita por Cabrol et al., para reimplante dos óstios coronários, bem lembrada pelos autores, a temos utilizado preferencialmente em reoperações, onde a fixação do mediastino, pela presença de aderências, impede a ampla mobilização dos óstios, ou dos botões coronários. Concordo inteiramente com os autores sobre a validade dos adesivos biológicos como adjuvantes da hemostasia, na correção de dissecções agudas, apenas acrescentaria a possibilidade do uso do adesivo Cryolife Bioglue, este já aprovado pelo FDA. Em relação aos níveis de hipotermia descritos pelos autores, na abordagem do arco transverso, concordo plenamente, e acrescento a alternativa de utilização do EEG isoelétrico, como parâmetro para determinar o limite inferior de temperatura sistêmica, e que o uso de perfusão cerebral anterógrada, em geral, permite a correção em temperaturas mais altas, como 28oC ou 32oC.

Eu congratulo os autores pelo uso de dados do International Registry of Acute Aortic Dissection, pois são uma imagem do mundo real, e não o resultado de séries selecionadas, provenientes de instituições de alta referência, que freqüentemente apresentam resultados muito mais favoráveis.

Nas dissecções aórticas tipo B, os autores apropriadamente mencionam o benefício das intervenções percutâneas, em relação à cirurgia convencional, no manejo de casos complicados. Entretanto, cautela deve ser observada nos casos de doenças do tecido conectivo (como síndrome de Marfan e síndrome de Ehlers-Danlos), em redissecções, ou em dissecções agudas sobrepostas a dissecções crônicas, onde podemos ter presentes mais de dois lumens.

Sobre os métodos de proteção medular nas cirurgias da aorta descendente, gostaria de enfatizar o papel da drenagem do líquido cerebroespinhal em diminuir a incidência de paraplegia, nos casos de aneurismas tóraco-abdominais mais extensos, demonstrada em vários trials, assim como o emprego da assistência circulatória átrio esquerdo-femoral, que parece ser benéfica no mesmo propósito.

Uma vez mais, parabenizo os autores das Diretrizes para o Tratamento Cirúrgico das Doenças da Aorta, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, pelo excepcional trabalho, e espero realmente que meus comentários sejam de benefício.

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