Article

lock Open Access lock Peer-Reviewed

3

Views

ARTIGO ORIGINAL

Fluxômetro hidrodinámico em cirurgia de revascularização do miocárdio

Fabio Biscegli Jatene; Pedro C. P Lemos; Adib D Jatene

DOI: 10.1590/S0102-76381986000100008

Texto completo disponível apenas em PDF.



Discussão

DR. HÉLIO PEREIRA DE MAGALHÃES
São Paulo, SP

A técnica de fluxometria por pressão diferencial acha-se descrita no livro Heart-lung bypass (Galetti, 1962), sendo primeiramente citada por Tosatti, em 1951. Revi os trabalhos: Cleland (1958) e Nixon (1959), onde referiram o uso da técnica para avaliar o fluxo extracorpóreo total; os 4 tipos de fluxometria por prersão diferencial são: 1) de resistência (usada pelos autores); 2) sistema Venturi; 3) de orifício e 4) tubo de Pitot. Faria algumas sugestões e observações, quanto ao trabalho em questão: 1) substituir o termo "hidrodinámico", pois não se trata de fluxo de água, para fluxômetro "hemodinâmico", ou mudar o título do trabalho para "Fluxometria transperfusional de ponte de safena por pressão diferencial"; 2) substituir o termo "perviabilidade" (forma irregular) por "permeabilidade", "permeação", ou "permeabilização"; 3) a quantificação do fluxo por pressão diferencial não exige conhecer o diâmetro de saída: este necessita ser menor; é determinado experimentalmente: não pode ser muito restritivo (determinando fluxos menores que o ensejado pela coronária) e não pode ser muito grande, acarretando excesso de fluxo e pressão a nível da anastomose, podendo ocorrer rotura na sutura, particularmente em vasos doentes; 4) a tabela por calibração prévia deve conter os valores de fluxos obtidos com toda a gama de pressão diferencial e a calibração deve ser feita com o sangue nas mesmas condições físicas de temperatura e hematócrito usadas durante a circulação extracorpórea; 5) o uso do sistema para irrigação seletiva, ou a própria irrigação, durante o período de medição, é vantajoso quando se usa parada anóxica hipotérmica intermitente, porém, quando se usa parada cardioplégica hipotérmica, a irrigação por essa técnica com sangue circulante de 28º a 32º vai criar gradientes de temperatura no miocárdio, o que poderá ser deletério para a proteção miocárdica; 6) considerar que, entre fluxometria trans e pós-perfusional, os fatores influentes são diversos: tipo de pulso (não pulsátil, ou pulsátil); temperatura (hipotermia, ou normotermia); viscosidade (maior, ou menor) e condições hemodinâmicas (dependência da bomba arterial, ou do ventrículo esquerdo). Na fluxometria transperfusional, considerar, também, a fuga de sangue pela lesão proximal da coronária, quando a aorta estiver aberta: lesões obstrutivas menores deverão alterar os dados fluxométricos com valores acima do real. Como se trata de técnica prospectiva para a ponte de safena, seria interessante que os autores, para enriquecimento dessa pesquisa científica, cotejassem os valores fluxométricos obtidos por pressão diferencial transperfusional com valores obtidos por fluxometria eletromagnética pós-perfusional, para melhor avaliar a eficiência dos sistemas.

DR. F. JATENE (Encerrando)

Gostaria, inicialmente, de agradecer o comentário do Dr. Hélio. Desejo salientar que alguns dos pontos e das questões abordadas também trouxeram dúvidas a nós, ou são detalhes que ainda estão em fase de ajuste. Um outro aspecto a ressaltar, e que nos parece muito claro, é que, quando do desenvolvimento e utilização do sistema, em nenhum momento tivemos a pretensão de desenvolver um sistema infalível, e nem poderia ser desta forma. Temos plena consciência de que, mesmo os melhores fluxômetros eletrônicos apresentam problemas. Desta forma, o que não dizer de um fluxômetro simples, constituído por um conector metálico adaptado a alguns centímetros de tubos plásticos. O que eu gostaria que ficasse bem esclarecido é que nossa idéia, com este sistema, é a de ter sempre à mão e poder usar, em qualquer situação, um sistema simples, de custo irrelevante, fácil manuseio e, sobretudo, confiável, e que, esperamos, possa trazer benefícios aos Serviços que o utilizarem. Para finalizar, mais uma vez eu gostaria de agradecer a oportunidade da apresentação, bem como os comentários e as contribuições de todos. Muito obrigado.

REFERÊNCIAS

1. BALDERMAN, S. C.; MORAN, J. M.; SCANLON, P. J.; PIFARRÉ, R. - Predictors of late aorta-coronary graft patency: intra-operative phasic flow versus angiography. J. Thorac Cardiovasc Surg., 79: 724-728, 1980. [MedLine]

2. FitzGERALD, D. E.; FORTESCUE-WEBB, C. M.; EKESTRÖM, S.; LILJEQVIST, L.; NORDHUS, O - Monitoring coronary artery blood flow by doppler shift ultrasound. Scand. J. Thorac. Cardiovasc. Surg., 11: 119-123, 1977. [MedLine]

3. FOLTS, J. D.; KAHN, D. R.; BITTAR, N.; ROWE, G. G. - Effects of partial obstruction on phasic flow in aortocoronary grafts. Circulation, 51/52 (Supl. 1): 148-155, 1975.

4. MARCUS, M.; WRIGHT, C.; DOTY, D.; EASTHAM, C.; LAUGHLIN, D.; KRUMM, P.; FASTENOW, C.; BRODY, M. - Measurements of coronary velocity and reactive hyperemia in the coronary circulation of humans. Circ. Res., 49: 877-891, 1981. [MedLine]

5. MORAN, J. M.; CHEN, P. Y.; RHEINLANDER, H. F. - Coronary hemodynamics following aorta-coronary bypass graft. Arch. Surg., 103: 539-544, 1971. [MedLine]

6. MORAN, J. M.; BURKE, D. W.; LOEB, J. M.; ROBERTS, A. J.; SANDERS Jr., J. H.; MICHAELIS, L. L. - Accuracy in coronary graft tow measurement. Ann. Thorac Surg., 32: 506-509, 1981. [MedLine]

7. MOULDER, P.V.; TEAGUE, M. J.; MANUELE, V. J.; BRUNSWICK, R. A.; DAICOFF, G. R. - Intraoperative doppler coronary artery finder. Ann. Thorac. Surg., 24:430-432, 1977. [MedLine]

8. RENEMAN, R. S.; CLARKE, H. S.; SIMMONS, N.; SPENCER, M. P. - In vivo comparison of electromagnetic and doppler flow-meters: with special attention to the processing of the analogue doppler flow signal. Cardiovasc. Res., 7: 557-566, 1973. [MedLine]

9. SEGADAL, L. - Assessment of flow in aortocoronary grafts. Semin. in Ultrasound, CT and M.R., 6: 68-72, 1985.

10. SEGADAL, L.; MATRE, K.; ENGEDAL, H.; RESCH, F.; GRIP, A - Estimation of flow in aortocoronary graft with a pulsed ultrasound doppler meter. Thorac. Cardiovasc. Surg., 30: 265-268, 1982. [MedLine]

11. WRIGHT, C.; DOTY, D.; EASTHAM, C.; LAUGHLIN, D.; KRUMM, P.; MARCUS, M. - A method for assessing the physiologic significance of coronary obstructions in man at cardiac surgery. Circulation, 62 (Supl. 1): 111-115, 1980.

CCBY All scientific articles published at rbccv.org.br are licensed under a Creative Commons license

Indexes

All rights reserved 2017 / © 2024 Brazilian Society of Cardiovascular Surgery DEVELOPMENT BY