Article

lock Open Access lock Peer-Reviewed

4

Views

ARTIGO ORIGINAL

Angioplastia cirúrgica de óstio e tronco coronariano: experiência de oito casos

Danton R. R Loures; Edison J Ribeiro; Rui Sequeira de Almeida; Maria João A Ferreira; Ronaldo R. L Bueno; Paulo Mauricio P Andrade; Marcos Augusto A Pereira; Paulo Roberto F Rossi

DOI: 10.1590/S0102-76381990000300004

Texto completo disponível apenas em PDF.



DISCUSSÃO

DR. JOSÉ CARLOS DE ANDRADE
São Paulo, SP

O trabalho apresentado pelo Dr. Danton, e que tivemos oportunidade de analisar, é um trabalho bem elaborado, bem redigido, ilustrado, de experiência pessoal e que conclui ser a angioplastia de óstio e tronco um procedimento cirúrgico opcional nas lesões ostiais. Sua discussão nos parece muito oportuna porque lesões de óstio não têm tratamento de consenso, podendo ser realizados: 1) revascularização miocárdrea (a mais rotineiramente empregada); 2) plastia cirúrgica (como apresentada pelo Dr. Danton); 3) reimplante de óstio para coronária direita; 4) alguns hemodinamicistas mais afoitos já estudam formas de intervenção por cateterismo. A revascularização miocárdica, evidentemente, não é cirurgia definitiva. Todos sabemos da durabilidade de uma ponte de safena praticamente obrigatória nessa opção. Como em 60% dos casos aqui apresentados a lesão ostial estava isolada, justifica-se, a nosso ver, o tratamento empregado. A plastia cirúrgica, apesar de alguns resultados sofríveis em trabalhos antigos, parece-nos a terapêutica de maior durabilidade. Discutiríamos, isto sim, que material empregar: retalho de veia safena ou de pericárdio? A veia é um enxerto bem testado e aprovado para confecção de pontes, não, porém, para substituir parte da aorta. Achamos válido lembrar a Lei de Laplace, onde a tensão é diretamente proporcional à pressão e ao raio da cavidade. Apesar da pressão ser a mesma na aorta ou na ponte de safena, o raio da aorta é, muitas vezes, maior que o da veia, de tal modo que a tensão na parede do enxerto usado na plastia de aorta é, muitas vezes, maior que a exercida na parede do enxerto usado como ponte. Assim, apesar de ser a veia um tecido mais delicado e atraente para este tipo de cirurgia, acreditamos ser interessante utilizar tecido mais resistente, como o pericárdio. Entretanto, como a plastia envolve não só a parede aórtica, mas também estrutura mais delicada como a artéria coronariana, não será todo e qualquer pericárdio, de qualquer espessura, que terá indicação. Daí a validade de trabalharmos com material industrializado e já com espessura perfeitamente dimensionada. O pericárdio bovino tem sua espessura variável de 0,20 a 0,40 milímetros. O grupo de São José do Rio Preto, e nós mesmos, temos já experiência bem sucedida com uso de pericárdio de 0,25 milímetros para tratamento de aneurismas de aorta. Essa espessura (0,25) está, também, portanto, testada e, sendo pericárdio delgado, nos parece a recomendada para essa plastia. Encerramos reiterando nossos cumprimentos aos autores do trabalho e em especial ao Dr. Danton, pela magnífica apresentação.

REFERÊNCIAS

1. ANDERSON, R. H.; BECKER, A. E.; KIRKLIN, J. W. - Atlas fotográfico de anatomia cardíaca. São Paulo, Livraria Santos Editora Ltda., 1983. p. 6.5 e 6.6.

2. BARNER, H. B.; CODD, J. E.; MUDD, J. G.; KAISER, G. C.; TYRAS, D. H.; LAKS, H.; WILLMAN, V. L. - Nonsyphilitic coronary ostial stenosis. Arch. Surg. 112: 1462-1466, 1977. [MedLine]

3. BECK, W; BERNARD, C. N.; SCHRIRE, V. - Syphilitic obstruction of coronary ostia successfully treated by endarterectomy. Br. Heart J., 27: 911-915, 1965. [MedLine]

4. BJORK, V. O.; HENZE, A.; SZAMOSI, A. - Coronary ostial stenosis: a complication of aortic valve replacement or coronary perfusion? Scand. J. Thorac. Cardiovasc. Surg., 10: 1-6, 1976. [MedLine]

5. BLONDEAU, P. & DUBOST, C. - Cure chirurgicale sous hypothermie profonde de la coronarite ostiale syphilitique: a propos de 2 cas operés avec succés. Ann. Chir. Thorac. Cardiovasc., 1: 802-806, 1962, [MedLine]

6. CARNEIRO, R. C.; LION, M. F.; OLIVEIRA, P. R. G.; SAN JUAN, E. - Coronarite ostial sifilítica. Arq. Bras. Cardiol., 29: 235-239, 1976. [MedLine]

7. CARVALHO, R. G.; RIBEIRO, E. J.; BROFMAN, P. R.; LOURES, D. R. R. - Angioplastia cirúrgica do óstio da coronaria esquerda: relato de caso Arq. Bras. Cardiol., 42, 335-360, 1984.

8. COHN, L. H. - Coronary ostial stenosis. Circulation, 50: 413-414, 1974. [MedLine]

9. COHN, L. H. & COLLINS, J. - Reduced mortality following revascularization surgery for left main coronary stenosis. In: Coronary artery medicine and surgery: concepts and controversies. New York, Appleton, 1975. p. 756.

10. CONNOLLY, J. E.; ELDRIDGE, F. L.; CALVIN, J. W.; STEMMER, E. A. - Proximal coronary-artery obstruction: its ethiology and treatment by transaortic endarterectomy. N. Engl. J. Med., 271: 213-219, 1964. [MedLine]

11. CREXELLS, C.; CARALPS, J. M; ORIOL, A. - Coronary angioplasty in iatrogenic coronary artery stenosis. J. Thorac. Cardiovasc. Surg., 85: 634-637, 1983. [MedLine]

12. D'ALLAINES, C.; LACOUR-GAYET, BLONDEAU, P.; PIWNICA, A.; CARPENTIER, A.; SELIEUR, P.; DUBOST, C. - Résultats à distance des coronarité ostiales opérées. Arch. Mal. Coeur, 11: 1173-1179, 1979.

13. EFFLER, D. B.; SONES, F. M.; FAVALORO, R. G.; GROVES, L. K. - Coronary endarterectomy with patch reconstruction: clinical experience with 34 cases. Ann. Surg., 162: 590-594, 1965.

14. FAVALORO, R. G. - Direct myocardial revascularization. A 10 year journey: myths and realities. Am. J. Cardiol., 43: 109-114, 1979.

15. GERBAUX, A.; ORY, A.; DUBOST, C.; LENEGRE, T. - Un noveau cas d'angine de poitrine due à une coronarite ostiale syphilitique traitée par la désobstruction chirurgicale des orifices coronaires. Arch. Mal. Couer, 55: 721-727, 1962.

16. HITCHCOCK, J. F. & ROBLES DE MEDINA, E. O. - Angioplasty of the left main coronary artery for isolated main coronary artery diasease. Am. J. Cardiol., 49: 956, 1982. (Resumo). [MedLine]

17. HITCHCOCK, J. F.; ROBLES DE MEDINA, E. O.; JAMBROES, G. - Angioplasty of the left main coronary artery disease. J. Thorac. Cardiovas. Surg. 85: 880-884, 1983.

18. HOLT, S. - Syphilitic ostial occlusion. Br. Heart J., 39: 469-470, 1977. [MedLine]

19. JEFFERY, D. L.; VIJAYANAGAR, R.; BOGNOLO, D. A.; ECKSTEIN, P. F.; SPOTO Jr., E.; NATARAJAN, P.; WILLIARD, E. H.; CONNAR, R. G. - Surgical treatment of 200 consecutive patients with left main coronary artery disease. Ann. Thorac. Surg., 36: 193-196, 1983.

20. KIRKLIN, J. W. & BARRATT-BOYES, B. G. - Cardiologic surgery. New York, Editora John Wiley & Sons Inc., 1986. 1550 p.

21. LEA, J. W.; PAGE, D. L.; HAMMON Jr., J. W. - Congenital ostial stenosis of the right coronary artery refaired by vein patch angioplasty. J. Thorac. Cardiovasc. Surg., 92: 796-798, 1986. [MedLine]

22. MICHAUD, P.; TERMET, H.; CHASSIGNOLLE, T.; DALLOZ, C.; AGÉ, C.; DELAYE, J.; GRÉS, B.; CHAMPSAUR, G. - Coronarité ostiale syphilitique: cinq cas de désobstruction chirurgicale dont deux comportant un remplacement valvulaire pour insuffisance aortique. Arch. Mal. Coeur, 63, 674-693, 1970.

23. PRITCHARD, C. L.; MUDD, J. G.; BARNER, H. B. - Coronary ostial stenosis. Circulation, 52: 46-48, 1975. [MedLine]

24. SULLIVAN, J. A. & MURPHY, D. A. - Surgical repair of stenotic ostial lesions of the left main coronary artery. J. Thorac. Cardiovasc. Surg., 98, 33-36, 1989. [MedLine]

25. YATES, J. D.; KIRSH, M. M.; SODMEAN, T. M.; WALTON Jr., J. A.; BRYMR, J. F. - Coronary ostial stenosis: a complication of aortic valve replacement. Circulation, 69: 530-534, 1974.

CCBY All scientific articles published at rbccv.org.br are licensed under a Creative Commons license

Indexes

All rights reserved 2017 / © 2024 Brazilian Society of Cardiovascular Surgery DEVELOPMENT BY