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ARTIGO ORIGINAL

Tratamento cirúrgico da endomiocardiofibrose: substituição valvar versus técnicas conservadoras

José Carlos R IgléziasI; Luís Alberto DallanI; Antonio Carlos Pereira-BarretoI; Charles MadyI; Protásio Lemos da LuzI; Noedir A. G StolfI; Sérgio Almeida de OliveiraI; Fúlvio PileggiI; Adib D JateneI

DOI: 10.1590/S0102-76381992000400006

Texto completo disponível apenas em PDF.


Discussão

PROF. CARLOS MORAES
Recife, PE

Eu queria, inicialmente, cumprimentar o Dr. Iglezias e colaboradores pelo trabalho apresentado. Concordo inteiramente com a conclusão dos autores de que, no tratamento cirúrgico da endomiocardiofibrose (EMF), a plastia valvar associada à endocardiectomia determina melhores resultados imediatos e tardios. Contudo, penso que, na análise da cirurgia da EMF, outras variáveis devem ser levadas em consideração, uma vez que o espectro da doença é muito amplo. A situação nutricional dos pacientes no pré-operatório e, muito especialmente, a localização da doença são apenas alguns dos fatores que influenciam no resultado cirúrgico. Quando analisamos nosso material, costumamos sempre dividí-lo em 3 grupos: o grupo com doença biventricular, o grupo com doença isolada do ventrículo direito e o grupo com doença apenas ventricular esquerda. Isto porque o resultado cirúrgico é completamente diferente. Em nossa experiência, a mortalidade foi de 29% nos pacientes com doença biventricular, de 12,7% nos pacientes com lesão do lado direito e de apenas 6,2% nos casos com lesão isolada do ventrículo esquerdo. Essa diferença foi estatisticamente significativa. Gostaria de perguntar ao Dr. Iglézias se, na análise dos seus resultados, observou esse mesmo tipo de diferença e se outras variáveis, exceto a técnica cirúrgica, foram estudadas. Mais uma vez, parabenizo os autores pelo excelente trabalho apresentado.

DR. IGLÉZIAS
(Encerrando)

Agradeço a gentileza do Prof. Carlos Moraes, pela valiosa contribuição, baseada em sua casuística. O objetivo do nosso projeto foi o de comparar as duas técnicas operatórias, usando o método de eleição, ou seja, aquela que nos proporcionasse menor mortalidade hospitalar e melhora na situação funcional a longo prazo. Baseados nisto, dividimos os 66 pacientes da casuística em subgrupos: G1 - pacientes submetidos a endocardiectomia e substituição (ões) valvar (es) = 39 pacientes; e G2 - dos pacientes submetidos a endocardiectomia e plastia (s) valvar (es) = 27 pacientes. Nossos resultados apontaram para a técnica de plastia, associada à endocardiectomia como o método de eleição e esta vem se confirmando, à medida em que a casuística aumenta. Considerando a divisão feita pelo Prof. Carlos Moraes, em três subgrupos: 1) pacientes portadores da moléstia em sua forma biventricular; 2) pacientes com acometimento isolado do ventrículo direito e, 3) pacientes com acometimento isolado do ventrículo esquerdo, com resultados operatórios diferentes, podemos afirmar que, em nossa casuística, houve um predomínio da forma biventricular nos dois subgrupos: 24 (61,54%) e 21 (77,77%), respectivamente. Embora nenhum tratamento estatístico específico tenha sido realizado para comparar os resultados obtidos com os pacientes portadores da moléstia em suas formas uni ou biventricular em nossa casuística, minha impressão pessoal é de que o resultado nas formas univentriculares seja melhor do que aquele obtido para os portadores da moléstia em sua forma biventricular. Reiteradamente, agradeço a apreciação feita pelo Prof. Carlos Moraes e observo que nenhuma outra análise foi feita, que não aquela voltada para a comparação entre as duas técnicas operatórias.

REFERÊNCIAS

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