Article

lock Open Access lock Peer-Reviewed

2

Views

ARTIGO ORIGINAL

Recuperação por desbridamento manual da valva aórtica estenótica calcificada

Renato A. K KalilI; Guaracy F Teixeira FilhoI; João Ricardo M Sant' AnnaI; Paulo R PratesI; Fernando A LuccheseI; Carla R BrauchI; Edemar M. C PereiraI; Altamiro R. da CostaI; Marisa F SantosI; Ivo A NesrallaI

DOI: 10.1590/S0102-76381995000200001

RESUMO

Os autores analisam os resultados clínicos e evolução ecocardiográfica em uma série de pacientes em que foi possível recuperar a valva aórtica calcificada. Entre janeiro de 1993 e outubro de 1994, 31 pacientes foram considerados para recuperação valvar, sendo obtido sucesso imediato em 21. A etiologia era congênita em 8 e senil em 13 pacientes; o sexo masculino em 10 e feminino em 11 e as idades variaram de 44 a 78 anos (média ± DP = 63,8 ± 9,5 anos). Procedimentos associados foram 6 revascularizações miocárdicas e 1 comissurotomia mitral, com tempos de perfusão de 53,8 ± 21,4 min e de isquemia miocárdica de 33,7 ±12,1 min. O cálcio retirado com auxílio de pinças saca-cálcio usuais auxiliadas por aspiração e raspagem das válvulas. Em duas ocasiões as válvulas foram perfuradas e suturadas com Propilene 5-0. Comissurotomia com bisturi foi realizada, se necessário. Dezesseis pacientes foram avaliados por ecocardiograma no pós-operatório imediato ou após 6 m a 1 ano. Todos os casos estão em acompanhamento. Não houve mortalidade na fase hospitalar e 4,8% (1 caso) na tardia. Não ocorreram complicações pós-operatórias significativas no período estudado, encontrando-se os pacientes em classe funcional I ou II. A avaliação ecocardiográfica mostrou gradiente instantâneo máximo na via de saída do VE de 90,7 ± 23,3 mmHg (média ± DP) no exame pré-operatório e 33,0 ± 7,9 no pós-operatório (p < 0,01). A espessura septal era 2,0 ± 0,5 cm no pré e 1,2 ± 0,1 no pós-operatório (p < 0,01). Insuficiência aórtica ao ecocardiograma pós-operatório foi considerada moderada em 2, leve em 9 e mínima em 5 casos. A recuperação da valva aórtica em estenose calcificada de etiologia congênita ou senil é factível com resultado funcional bom, a curto e médio prazo. Nas calcificações senis consegue-se recuperação em maior número, porém a reconstrução valvar também é obtida em muitas estenoses congênitas calcificadas. Mesmo em válvulas severamente comprometidas por calcificações, a recuperação funcional sem substituição deve ser tentada.

ABSTRACT

A series of 21 patients submitted to mechanical debridement for treatment of calcified stenotic aortic valves is presented. There were 8 congenital and 13 senile valves, in 10 male and 11 female patients. Mean age 63.8 ± 9.5 (44 to 78) years. Six had also coronary bypass grafts and 1 mitral comissurotomy. Total perfusion time was 53.8 ± 21.4 min and ischemic time 33.7 ± 12.1 min. All patients had been followedup from 1 month to 2 years. In 16 a late echocardiographic evaluation was performed. There have been no early and 1 late death. Surviving patients are in functional classes I or II. Maximum instantaneous gradient dropped from 90.7 ± 23.3 mmHg to 33.0 ±7.9 mmHg (p < 0.01) and mean aortic gradient from 50.3 ± 11.0 mmHg to 19.9 ± 3.5 mmHg (p < 0.05). Septal width reduced from 2.0 ± 0.5 cm to 1.2 ± 0.1 (p < 0.01). Aortic regurgitation, by echocardiography, was considered minimum in 5, mild in 9 and moderated in 2 cases. Mechanical debridement of calcified aortic valves, congenital or senile, provides good medium-term relief for aortic stenosis. This technical alternative may be considered in older patients, small aortic roots and higher risks of anticoagulation.
Texto completo disponível apenas em PDF.

REFERÊNCIAS

1. BAEZA, O. R.; MAJED, N. K.; CONROY, D. P.; DONAHOO, J. S. - Combined conventional mechanical and ultrasonic debridement for aortic valvular stenosis. Ann. Thorac. Surg., 54: 62-67, 1992. [MedLine]

2. COSGROVE, D. M.; RATLIFF, N. B.; SCHAFF, M. V.; EDWARDS, W. D. - Aortic valve decalcification: history repeated with a new result. Ann. Thorac. Surg., 49: 689-690, 1990. (Editorial). [MedLine]

3. CRAVER, J. M. - Aortic valve debridement by ultrassonic surgical aspirator: a word of caution. Ann. Thorac. Surg., 49: 746-753, 1990.

4. ENRIGHT, L. P.; HANCOCK, E. W.; SCHUMWAY, N. E. - Aortic debridement: long-term follow-up. Circulation, 44 (Supl. 1): 68-72, 1971.

5. HILL, D. G. - Long-term results of debridement valvotomy for calcific aortic stenosis. J. Thorac. Cardiovasc. Surg., 65: 708-711, 1973. [MedLine]

6. KALIL, R. A. K.; PRATES, P. R.; LUCCHESE, F. A.; SANT'ANNA, J. R.; SALES, J. B.; ABRAHÃO, R.; NESRALLA, I. A. - Serão despresíveis os gradientes de próteses aórticas? Arq. Bras. Cardiol., 59 (Supl. 2): 73, 1992. (Resumo). [MedLine]

7. KING, R. M.; PLUTH, J. R.; GIULIANI, E. R.; PICHLER, J. M. - Mechanical decalcification of the aortic valve. Ann. Thorac. Surg., 42: 269-272, 1986. [MedLine]

8. KIRKLIN, J. W. & MANKIN, H. T. - Open operation in the treatment of calcific aortic stenosis. Circulation, 21: 578-586, 1960. [MedLine]

9. MINDICH, B. P.; GUARINO, T.; GOLDMAN, M. E. - Aortic valvuloplasty for acquired aortic stenosis. Circulation, 74 (Supl. 1): 130-135, 1986.

10. MINDICH, B. P.; GUARINO, T.; KRENZ, M.; LI, X.; GONZÁLEZ, E. - Aortic valve salvage utilizing high frequency vibratory debridement. JACC, 11: 3A, 1988. (Resumo).

11. MULDER, D. G. & WINFIELD, M. E. - Valvuloplasty for acquired aortic stenosis. Ann. Thorac. Surg., 151: 203-215, 1960.

12. SHAPIRA, N.; LEMOLE, G. M.; FERNANDEZ, J.; DAILY, P. O.; DEMBITSKY, W. P.; O'YEK, V.; HAGHIGHI, P.; STEWART, J.; MARSCH, D. G.; BLOOR, C. M. - Aortic valve repair for aortic stenosis in adults. Ann. Thorac. Surg., 50: 110-120, 1990. [MedLine]

13. WEISCHELBAUM, E.; GABE, E.; FIGAL, J. C; ZAIDMAN, C. L.; CORS, J.; BRUNO, C; FAVALORO, R. G. - Estenosis valvular aórtica severa calcificada senil: reparación plastica con descalcificación manual. Cardiol. Internat. (Panamá) - (No prelo).

CCBY All scientific articles published at rbccv.org.br are licensed under a Creative Commons license

Indexes

All rights reserved 2017 / © 2024 Brazilian Society of Cardiovascular Surgery DEVELOPMENT BY