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HOMENAGEM

Prof. Dr. Rubens de Guimarães Santos: cirurgião impecável

Luiz Antonio Rivetti

DOI: 10.1590/S0102-76382011000200025

 

 

Nascido em São Paulo, Capital, em 1925, cursou Medicina na Escola Paulista de Medicina, formando-se em 1952, quando auxiliava o Professor Palumbo, obstetra de renome internacional.

No entanto, desde 1950, ainda aluno, acompanhava o Professor Hugo Felipozzi que, além de cirurgião geral, já se dedicava à pesquisa para desenvolvimento da Cirurgia Cardíaca no Instituto Sabbado D'Angelo, da Fundação Anita Pastore D'Angelo, instituição que se dedicava ao desenvolvimento da Cardiologia, ainda pouco desenvolvida em todo o mundo.

Em 1954, abandona definitivamente a obstetrícia para se dedicar exclusivamente ao desenvolvimento da circulação extracorpórea, que no ano anterior havia sido criada, nos Estados Unidos da América, por Gibbon.

No Instituto Sabbado D'Angelo de Cardiologia, já se mostrava um incansável trabalhador, sendo responsável pelas centenas de cirurgias experimentais em cães, para o desenvolvimento do coração-pulmão artificial.

Em 1955, liderado por Hugo Felipozzi, participa, no Hospital Santa Rita, em São Paulo, da primeira cirurgia com circulação extracorpórea da América Latina, operando uma criança com estenose pulmonar.

Mostrou-se sempre cirurgião dedicado, detalhista, minucioso, sutil, habilidoso, criativo, preciso, rápido e rigoroso.

Apaixonado pelos detalhes da cirurgia, vivia dentro do centro cirúrgico, sempre procurando melhorar as técnicas, os materiais e o treinamento do pessoal envolvido.

Em 1962, com a fundação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, foi junto com Felipozzi para a instituição acadêmica, criando uma oficina, onde eram desenvolvidas valvas cardíacas mecânicas de polipropileno, tipo Hufnagel, oxigenadores de bolhas descartáveis, e oxigenadores de aço de uso permanente.

Rubens, com sua perseverança, conseguia desenvolver todos estes materiais num país com sua indústria ainda insipiente.

Em 1977, defende, na mesma Faculdade, a Tese de Livre Docência com grande brilhantismo: "Substituição da valva aórtica ou mitral por prótese de Lillehei-Kaster". A tese analisa 29 pacientes submetidos à substituição das respectivas valvas, num seguimento de 21 meses, com uso de anticoagulante, somente nos três primeiros meses, com resultados excelentes.

Mostrou sempre uma dedicação extrema no ensino da técnica cirúrgica aos seus inúmeros residentes, entre os quais me incluo com orgulho.

Possuía um humor contagiante, mas um rigor ainda maior.

No dia 10 de maio de 2011, a Cirurgia Cardíaca Brasileira perdeu um batalhador incansável, enfim um Cirurgião Impecável, que operou até seus 80 anos, deixou esposa, 5 filhos, 9 netos, e centenas de colegas e ex-residentes saudosos.

Mas sua contribuição técnico-científica nestes 60 anos de cirurgia cardíaca o deixa vivo para a posteridade.

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