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CARTAS

Cartas ao Editor

Vinícius José da Silva Nina

DOI: 10.5935/1678-9741.20120084

O ensino médico e o SUS: o que temos e o que queremos!

Caro Editor,

Brick nos brinda, no artigo "O ensino médico e o SUS" [1], com uma reflexão clara e elegante sobre o papel do SUS na formação de recursos humanos para a área de saúde. Nessa composição participam três atores: a Universidade, como órgão formador; o SUS, enquanto rede integrada e hierarquizada e campo de ensino-aprendizagem; e a comunidade, enquanto usuária e representante do controle social. Sob essa perspectiva, esperam-se egressos dos cursos médicos com uma formação que se assemelha aos nossos colegas europeus certificados como "GP's"-General practitioner [2]. A lógica desse modelo reside na deshospitalização da atenção à saúde, considerando-se que, com o fortalecimento da atenção primária, seria possível atingir a incrível marca de 80% de resolubilidade das 200 nosologias mais prevalentes em qualquer território. Com isso, teríamos uma rede de atenção secundária e terciária mais ágil e mais efetiva na resolução dos casos mais complexos.

Infelizmente, estamos longe de atingir esse nível de organização, porque cada vez mais "o ensino em serviço" se torna mais enfraquecido em virtude da assimetria das possibilidades de escolha com as quais se deparam o jovem médico. A investidura na carreira do magistério nas Universidades Federais, por exemplo, é cada vez menos atrativa. O professor-adjunto-doutor, com carga horária semanal de 40 horas, tem salário-base mensal inferior a US$ 1.000,00 (mil dólares), e dele se esperam: ensino, pesquisa, extensão, orientação de teses, publicação e muito mais.

Portanto, a Academia precisa ser fortalecida sob a luz do princípio hipocrático destacado por Brick de que a "Medicina é ciência e arte" [1], enquanto que no SUS precisa ser resgatada a doutrina de que formação é um dos objetivos do SUS, por conseguinte, nossa obrigação enquanto profissional da saúde seja docente ou não. E por fim, a comunidade precisa ser orientada quanto ao exercício pleno do seu direito constitucional à saúde e quanto à utilização racional da rede de saúde cujos recursos são finitos.

Atenciosamente,

 

Prof. Dr. Vinícius José da Silva Nina, São Luís/MA

Professor do Curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Diretor Geral do Hospital Universitário da UFMA. Especialista em Gestão de Serviços de Saúde/MS. Membro Titular da SBCCV

REFERÊNCIAS

1. Brick AV. O ensino médico e o SUS. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2012;27(2):331-3. Visualizar artigo

2. Witter S, Fretheim A, Kessy FL, Lindahl AK. Paying for performance to improve the delivery of health interventions in low- and middle-income countries. Cochrane Database Syst Rev. 2012 Feb 15;2:CD007899.

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