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EDITORIAL

A globalização da RBCCV

Domingo M Braile0

DOI: 10.1590/S0102-76382009000400001

Uma das prioridades ao assumir o cargo de Editor da Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular/Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery (RBCCV/BJCVS), em 2002, era fazer com que a edição online da revista passasse a ser acessada não apenas no Brasil, mas também pudesse ter alcance internacional, tanto no recebimento e publicação de artigos vindos do Exterior, quanto no fato de ser lida em diversos países.

As cartas enviadas ao Dr. Bruno Botelho Pinheiro comentando o artigo "Efeitos do pós-condicionamento isquêmico na função ventricular esquerda de corações isolados de ratos (volume 24.1)", reproduzida na página 429, e ao Dr. Ulisses Croti, solicitando autorização para o uso de uma imagem publicada no artigo "Comunicação interatrial e hipotireoidismo em portador de síndrome de Down (volume 22.4)", publicada na página 431, são prova cabal de que a RBCCV se globalizou, sendo acessada nos quatro cantos do planeta.

O primeiro passo nesta direção foi tomado no final de 2002, quando os artigos da RBCCV passaram a ser disponibilizados exclusivamente em inglês no site da revista na Scielo. A partir do volume 19.1 (jan-mar 2004), com a adoção pela SciELO de uma nova plataforma, que permitia que os artigos ficassem disponíveis em dois idiomas, a RBCCV passou a veiculá-los, na versão eletrônica, em português e inglês.

O segundo passo foi a inclusão da RBCCV no portal do CTSnet (www.ctsnet.org), também em 2002, há um link para a revista [1].

Em 2007, após anos de tentativas, a RBCCV finalmente foi aceita no Medline, o que provocou um salto no número de acessos aos sites na Scielo e próprio (www.rbccv.org.br). Temos hoje uma média de 1.700 "hits" no nosso site e mais outros tantos no site da Scielo, somando mais de 3 mil acessos diários. Naquele mesmo ano, a partir da edição 22.2, a RBCCV passou a aceitar artigos em somente inglês, tanto na edição impressa quanto na edição on-line. Em 2009, entramos no Thomson Scientific (antigo ISI), uma das bases de dados internacionais mais importantes. O objetivo, agora, é que a revista seja mais citada, a fim de aumentar o Fator de Impacto (FI), ainda o índice mais utilizado para avaliação de periódicos. Não é tarefa fácil, tenho consciência, mas sigo com a convicção de que conseguiremos vencer mais este desafio.

A questão do Fator de Impacto, aliás, vem sendo tema de debates provocados pela reformulação do Qualis, que desagradou boa parte da comunidade científica brasileira. Nesta edição, publicamos um Editorial do Dr. Maurício Rocha e Silva, Editor da Clinics (página III). Ele aborda com propriedade a questão. Mostra que embora o FI ainda seja importante, há outros índices bibliométricos confiáveis, com alcance inclusive maior e que poderiam ter sido levados em conta pelo Capes.

O professor Maurício demonstra também que a mudança trará muitos prejuízos aos periódicos nacionais, pois os atuais critérios levam os autores a preferirem publicar seus trabalhos e fazer citações de artigos disponíveis em revistas internacionais com maior FI, mesmo que tenham qualidade inferior aos similares de periódicos nacionais.

Independentemente desta polêmica, a RBCCV segue realizando com afinco seu trabalho, procurando sempre trazer inovações, a fim de contribuir com a disseminação e discussão do conhecimento científico. Exemplo disso foi o Suplemento distribuído no V Congresso Sul-Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular, realizado em agosto em Gramado (RS). Além das aulas do curso de Cirurgia Endovascular de Aorta, a edição trouxe os resumos dos Temas Livres apresentados no evento e, também, as Diretrizes da Aorta revisadas e atualizadas.

O próximo Suplemento será o já tradicional volume especial dedicado ao Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV). A 37ª edição ocorrerá de 25 a 27 de março, em Belém do Pará. Desde o 34º Congresso, a equipe editorial da RBCCV se tornou a responsável pela preparação do Programa Oficial e mais uma vez faremos uma edição esmerada, que será de agrado de todos os participantes. Como tem ocorrido nos últimos anos, a submissão dos Temas Livres será feita diretamente no site da RBCCV.

Também não podemos esquecer de um aspecto muitas vezes neglicenciado na medicina: sua tradição humanista. O Editorial do Dr. Miguel Maluf ("A cirurgia cardíaca pediátrica como atividade filantrópica no país e missão humanitária no exterior", página VII) destaca, com propriedade, a experiência de programas filantrópicos que atenderam mais de 200 pacientes portadores de cardiopatias no Brasil e no Exterior. Também enfatiza a necessidade de se multiplicar este tipo de ação.

Nesta edição, novamente contamos com um grande número de Artigos Originais, abordando diversos campos da cirurgia cardiovascular. Enfatizo aos colegas a necessidade de enviar mais e mais artigos Originais e de Revisão, pois são eles que dão peso à RBCCV. Felizmente, temos recebido um grande número de trabalhos, o que facilita a edição da revista e traz a perspectiva de, em breve, de mudar a periodicidade de trimestral para bimestral para podermos acelerar a publicação.

Aproveito para lembrar novamente a autores e revisores a necessidade de serem o mais ágeis possível no processo de revisão e correção. Muitas vezes artigos mais recentes são publicados antes de outros mais antigos pelo fato do fluxo ser mais rápido. Deixo claro, entretanto, que a necessidade de rapidez jamais deve comprometer a qualidade dos trabalhos, pelo contrário. Mesmo porque o Medline e a Thomson Reuters fazem monitoramento contínuo das revistas indexadas e, caso avaliem que há queda no nível científico, podem excluí-las.

Para facilitar o trabalho dos revisores, é obrigatório agora, quando o autor está submetendo uma versão corrigida do trabalho no site, responder aos questionamentos, caso contrário não conseguirá concluir o processo. Essa resposta deve ser o mais detalhada possível, justificando as alterações ou não de cada item solicitado pelos revisores.

Nesta edição, trazemos mais quatro artigos com o sistema de Educação Médica Continuada (EMC): "O novo Qualis, que não tem nada a ver com a ciência do Brasil. Carta aberta ao presidente da CAPES", na página III; "Azul de metileno no tratamento da síndrome vasoplégica em cirurgia cardíaca. Quinze anos de perguntas, respostas, dúvidas e certezas", na página 279; "Prevalência e fatores de risco para insuficiência renal aguda no pós-operatório de revascularização do miocárdio", na página 297; "Importância da fisioterapia no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica", na página 397. Insisto na necessidade dos colegas fazerem o teste para conhecer o sistema, acumular pontos para a revalidação do Título de Especialista e também sugerir aperfeiçoamentos.

Desejo a todos uma ótima leitura.

Recebam meu abraço!



*Editor - RBCCV


REFERÊNCIAS

1. Braile DM, Brandau R, Monteiro R. Prestando contas. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2008; 23(1): 108-11. [MedLine] Visualizar artigo

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