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ORIGINAL ARTICLE

A five-year experience with the Ross operation: what have we learned?

Francisco Diniz Affonso da Costa0; Robinson Poffo0; Everson MATTE0; Evandro Antônio SARDETO0; Ricardo Alexandre SCHNEIDER0; Eduardo Pradi ADAM0; Djalma Luis Faraco0; Fábio Sallum0; Iseu Affonso da Costa0

DOI: 10.1590/S0102-76382000000200004

INTRODUÇÃO

A escolha do substituto valvar aórtico mais adequado para crianças e adultos jovens ainda é bastante debatida (1-3).

Os resultados obtidos com o emprego de próteses mecânicas atestam a sua adequada durabilidade, entretanto, a ocorrência de tromboembolismo periférico, trombose valvar e/ou fenômenos hemorrágicos, em decorrência do uso de anticoagulantes, ainda é causa de significativa morbi-mortalidade tardia (4, 5).

O homoenxerto valvar aórtico, fresco ou criopreservado, é alternativa bastante atrativa, visto seu excelente desempenho funcional, ausência de complicações tromboembólicas e mínima morbidade tardia. Entretanto, apesar da comprovada viabilidade de células endoteliais e fibroblastos, sabe-se que os homoenxertos valvares não apresentam capacidade normal de regeneração, além de estarem sujeitos a variados graus de rejeição imunológica. Dessa forma, apesar de sua durabilidade ser superior à das próteses biológicas convencionais, as alterações teciduais degenerativas e por fadiga ainda constituem fatores limitantes, especialmente em crianças e adolescentes (6).

A base conceitual da operação de Ross é que, pelo menos em teoria, o auto-enxerto pulmonar apresenta várias das características do substituto aórtico ideal. Sua semelhança com a valva aórtica nativa possibilita desempenho hemodinâmico fisiológico, com fluxo central laminar, gradientes transvalvares mínimos e ausência de refluxo. Por ser tecido autógeno vivo e imunologicamente inerte, tem capacidade regenerativa normal e potencial de crescimento, podendo ser um substituto valvar permanente. O emprego do homoenxerto valvar fica transferido para o lado direito da circulação, onde a durabilidade é teoricamente maior em decorrência do regime de baixa pressão (7, 8).

Os resultados tardios parecem comprovar a superioridade desse tipo de operação, demonstrando maior sobrevida a longo prazo, pequena morbidade relacionada aos enxertos e baixa incidência de disfunção valvar. A análise histológica de auto-enxertos pulmonares explantados tardiamente demonstra que tanto as cúspides como a parede arterial pulmonar apresentam celularidade preservada e arquitetura íntegra de sua matriz colágena, não havendo evidências de sinais degenerativos ou de calcificação (9, 10).

Nossa experiência com a operação de Ross iniciou em maio/95, com resultados imediatos e de curto prazo bastante satisfatórios (11, 12). Contando com 5 anos de seguimento, achamos conveniente avaliar os resultados clínicos e funcionais de médio prazo.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

No período de maio/95 a março/2000, 96 pacientes foram consecutivamente submetidos a substituição da valva aórtica por auto-enxerto pulmonar nos Serviços de Cirurgia Cardíaca da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, Hospital Infantil Pequeno Príncipe, Clínica Cardiológyca C. Costantini, Hospital Vita de Curitiba, Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Hospital São Francisco de Porto Alegre, Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo, Hospital do Coração da Associação Síria e Hospital São Vicente de Paula no Rio de Janeiro. Setenta e um pacientes eram masculinos e a média de idade foi de 25,4 ± 11,4 anos (mínima = 5 anos, máxima = 50 anos). Noventa e dois pacientes eram brancos e 4 da raça negra. O diagnóstico pré-operatório mais comum foi de insuficiência aórtica de origem reumática e 89% dos pacientes encontravam-se em classe funcional II e III da New York Heart Association (NYHA). Nove pacientes já haviam sido submetidos a operações anteriores, sendo comissurotomia aórtica com ressecção de membrana subvalvar em 3, comissurotomia aórtica simples em 3, prótese biológica aórtica em 2 e plastia valvar aórtica em 1. Alguns dados clínicos pré-operatórios encontram-se na Tabela 1.



Avaliação Pré-Operatória

Todos os pacientes foram avaliados, no pré-operatório, através de exame clínico, eletrocardiograma, radiografias de tórax em projeção póstero-anterior e perfil e ecocardiograma bidimensional com Doppler.

Na ecocardiografia foram especificamente anotados, sempre que disponíveis, as dimensões sistólica e diastólica do ventrículo esquerdo (DSVE e DDVE), espessuras das paredes posterior e septal do ventrículo esquerdo (PP e Septo), encurtamento percentual e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (%DD e FE) e a dimensão diastólica do ventrículo direito. Foram também calculadas a massa e índice de massa ventricular esquerda (MV e IMV). Pelo Doppler foram verificados os gradientes médios e instantâneos máximos (Dpm e Dpmax) através da valva aórtica, nos casos de estenose e dupla lesão aórtica. A insuficiência valvar foi quantificada como ausente, trivial, leve, moderada ou severa.

Quarenta e dois pacientes realizaram cateterismo cardíaco antes da operação, sendo anotadas as pressões sistólica e diastólica final do ventrículo esquerdo, pressões sistólica e diastólica na aorta ascendente e calculado o gradiente transvalvar aórtico de pico, quando existente. O grau de insuficiência aórtica também foi quantificado como ausente, trivial, leve, moderado ou severo.

Técnica Operatória

As operações foram realizadas por esternotomia mediana e com auxílio de circulação extracorpórea (CEC), com canulação aórtica e das veias cavas. Foi empregada hipotermia sistêmica moderada de 32º C e a proteção miocárdica feita com solução cardioplégica sangüínea gelada (4-8º C) de forma contínua nos óstios coronarianos.

Os auto-enxertos pulmonares foram implantados pela técnica de substituição total da raiz aórtica em 85 casos, como cilindro intraluminal em 6 e em posição subcoronariana, de forma livre dentro da raiz aórtica, nos 5 restantes (Figuras 1 e 2).





Para a substituição total da raiz aórtica, foi realizada secção transversa da aorta ascendente, logo acima da junção sino-tubular, e ressecada a porção proximal da aorta, incluindo a valva, deixando-se apenas dois botões de parede aórtica contendo os orifícios coronarianos. A artéria pulmonar foi seccionada distalmente próximo a sua bifurcação e, proximalmente, no infundíbulo do ventrículo direito, tendo-se especial cuidado para não lesar o tronco da coronária esquerda, artéria descendente anterior ou o seu primeiro ramo septal. O auto-enxerto pulmonar foi anastomosado proximalmente ao anel aórtico, em posição intra-anular, com pontos separados de poliester 4-0 e, distalmente, na aorta ascendente com sutura contínua de polipropileno 4-0. Os botões coronarianos foram reimplantados de forma término-lateral nos seios de Valsalva correspondentes com sutura contínua de polipropileno 5-0 ou 6-0.

Quando utilizada a técnica de cilindro intraluminal, foi realizada aortotomia transversa parcial, e, após a ressecção da valva nativa o auto-enxerto foi implantado de forma similar à técnica anterior, excetuando-se o fato das anastomoses coronárias serem feitas de forma látero-lateral, dentro da aorta nativa.

Para o implante subcoronariano, foi feita aortotomia transversa logo acima da junção sinotubular e ressecada somente a valva nativa. O auto-enxerto pulmonar foi implantado em dois planos de sutura, proximalmente com pontos separados de poliester 4-0 e distalmente na parede dos seios de Valsalva, contornando os óstios coronarianos, com sutura contínua de polipropileno 4-0.

Procedimentos associados no anel aórtico e/ou na aorta ascendente para compatibilizar os seus diâmetros com o do auto-enxerto pulmonar, foram necessários em 26 ocasiões: ampliação do anel aórtico por incisão simples (1 caso), ampliação pela técnica de Mannouiguian (3 casos), ampliação pela técnica de Konno (2 casos), redução do anel aórtico por plicatura dos triângulos intercomissurais (5 casos), redução externa do anel aórtico com tira de teflon ou de pericárdio bovino (4 casos), ampliação da aorta ascendente com remendo de pericárdio bovino (3 casos), redução do diâmetro da aorta ascendente pela ressecção em cunha de sua parede (7 casos) e substituição da aorta ascendente com tubo corrugado de pericárdio bovino em paciente com aneurisma micótico associado (1 caso).

A reconstrução da via de saída do ventrículo direito foi feita com homoenxertos pulmonares (84 casos) ou aórticos (12 casos), com suturas contínuas de polipropileno 4-0 proximal e distalmente. No início da experiência, foram utilizados homoenxertos frescos conservados em solução nutriente com antibióticos (34 casos) e, posteriormente, homoenxertos criopreservados em nitrogênio líquido a - 196º C (62 casos).

Em 2 pacientes que apresentavam lesão mitral associada, foi realizada comissurotomia mitral (1 caso) e plastia mitral com encurtamento de cordas tendíneas e implante de anel de Carpentier (1 caso). Revascularização do miocárdio com enxerto venoso para a coronária direita foi realizada em 4 pacientes, nos quais suspeitou-se de hipofluxo coronariano e disfunção ventricular direita, quando da descontinuação da CEC.

Avaliação Pós-Operatória

Na fase hospitalar

A avaliação pós-operatória imediata incluiu a análise de complicações hospitalares, ausculta cardíaca e eletrocardiogramas pré-alta.

Todos os pacientes realizaram ecocardiograma bidimensional com Doppler antes da alta hospitalar. Foram repetidas as medidas realizadas no pré-operatório em relação as dimensões das cavidades cardíacas e de função ventricular. Adicionalmente, foram especificamente medidos os gradientes médios e instantâneos máximos através dos auto-enxertos pulmonares em posição aórtica e dos homoenxertos utilizados na reconstrução da via de saída do ventrículo direito, assim como o seu eventual grau de regurgitação.

Trinta pacientes foram submetidos a cateterismo cardíaco de controle pós-operatório, que incluiu aortografia, ventriculografias direita e esquerda e arteriografia pulmonar. Além da análise das imagens angiográficas, foram medidos os gradientes de pico através dos auto e homoenxertos, assim como estimados os seus graus de regurgitação.

No pós-operatório tardio

Os pacientes foram orientados a retornar a cada 6 meses após a operação, quando eram submetidos a nova avaliação clínica e ecocardiografia bidimensional de controle. A observação de complicações pós-operatórias foi feita de acordo com diretrizes bem estabelecidas (13). Nos pacientes que não puderam comparecer ao ambulatório, as informações clínicas e os dados ecocardiográficos foram obtidos através de contato telefônico com o paciente e/ou clínico de referência.

Ecocardiograma de stress com dobutamina

Vinte pacientes, com tempo de evolução superior a 6 meses, foram submetidos a ecocardiografia de stress com dobutamina para avaliação do desempenho hemodinâmico dos auto e homoenxertos e da função ventricular esquerda, tanto em repouso como em exercício.

Após a medida das dimensões das cavidades cardíacas e das velocidades de fluxo proximal e distal aos auto e homoenxertos em repouso, foi iniciada a infusão endovenosa de dobutamina em doses progressivas de 5, 10, 20, 30 e 40 µg/kg/min em intervalos de 10 minutos cada.

Em cada intervalo foram anotados os seguintes parâmetros: freqüência cardíaca, pressão arterial, velocidades média e máxima de fluxo nas vias de saída dos ventrículos direito e esquerdo, na aorta ascendente e na artéria pulmonar, além da integral da velocidade da via de saída do ventrículo esquerdo.

Com esses dados, foi possível calcular, tanto em repouso como em diferentes níveis de exercício, o volume de ejeção do ventrículo esquerdo, débito cardíaco, gradientes médio e instantâneo máximo nos auto e homoenxertos e as áreas valvares.

Análise Estatística

A determinação das curvas de sobrevida e de ocorrência de complicações tardias foi realizada pelo método de Kaplan-Meier, sendo determinadas também os seus limites de confiança na faixa de 95%.

A correlação dos diâmetros dos auto e homoenxertos com os gradientes tardios observados foi feita por correlação linear, obtendo-se dessa maneira o coeficiente de Pearson (r) e o respectivo valor de p.

No estudo ecocardiográfico de stress com dobutamina, foi feita a comparação entre os valores de repouso e exercício pelo teste "t" de Student.

RESULTADOS

Evolução Clínica Imediata

O tempo de clampeamento aórtico foi de 108±24 minutos (mínimo = 73, máximo = 175 min) e o de CEC foi de 141 ± 30 minutos (mínimo= 97, máximo= 230 min).

Houve 6 (6,2%) óbitos hospitalares. No primeiro caso, o paciente apresentou síndrome de baixo débito progressiva, falecendo no 2º dia de pós-operatório em decorrência de provável angulação da coronária esquerda com conseqüente hipofluxo. A necropsia revelou infarto das paredes anterior e lateral do ventrículo esquerdo, sem qualquer evidência de oclusão ou trombose das artérias coronárias. O segundo paciente faleceu devido a inadequada proteção miocárdica, o que já havia sido reconhecido intra-operatoriamente. Um paciente teve o primeiro ramo septal lesado, e, apesar da função ventricular no pós-operatório imediato ser adequada, faleceu com arritmias intratáveis. Em um paciente não foi reconhecida a origem anômala da artéria circunflexa, e o mesmo apresentou infarto lateral pós-operatório. Houve um caso de hemorragia na porção proximal do auto-enxerto pulmonar que não pôde ser adequadamente controlado. O último óbito ocorreu de forma súbita na 12º hora de pós-operatório, em paciente com evolução aparentemente normal.

A morbidade pós-operatória foi baixa, havendo 4 (4,2%) casos com síndrome de baixo débito moderada a importante que necessitaram de drogas inotrópicas por mais de 48 horas. Confusão mental por 24 horas, BAVT transitório e insuficiência renal necessitando diálise ocorreu uma vez cada. Três pacientes foram reoperados por sangramento pós-operatório.

O ritmo era sinusal em todos os pacientes que tiveram alta hospitalar, havendo bloqueio de ramo direito em um caso. A ausculta cardíaca foi normal em 86 pacientes, havendo sopro diastólico ++/4 em um paciente e de +/4 em 3.

Evolução Clínica Tardia

O seguimento clínico foi possível em 88 (97,7%) Pacientes. Dois pacientes não puderam ser localizados, sendo que um doente foi perdido de acompanhamento após ter realizado exames de forma rotineira até 2 anos após a operação. O tempo médio de seguimento foi de 32,1 meses (mínimo= 1, máximo= 58).

Houve um óbito súbito no 2º mês de pós-operatório, resultando em sobrevida tardia de 98,9% (LC95% = 96,6% - 100%) aos 5 anos de evolução.

Oitenta e dois pacientes encontram-se em classe funcional I da NYHA e 7 estão em classe II. Não houve nenhum caso de tromboembolismo nem de endocardite bacteriana, o que resulta em que 100% dos pacientes estarem livres dessas complicações.

Houve 5 reoperações durante o período de acompanhamento. Dois pacientes foram reoperados por evolução da patologia mitral reumática associada. Um deles, com diagnóstico de estenose mitral severa, foi submetido a implante de prótese mitral no 2º ano de evolução. Em retrospecto, o ecocardiograma pré-operatório subestimou a severidade da lesão mitral, a qual deveria ter sido tratada simultaneamente na primeira operação. O segundo havia sido submetido a plastia mitral concomitante, entretanto, teve que ser reoperado por importante fibrose e retração progressiva nessa valva. Assim, 93,9% (LC95%= 84,8% - 100%) dos pacientes encontram-se livres de disfunção valvar mitral após 5 anos de evolução. Se considerados apenas os pacientes reumáticos, 92,2% (LC95% = 81,2% - 100%) estão livres de reoperações mitrais.

Uma paciente desenvolveu lesão ostial da coronária esquerda, sendo revascularizada no 6º mês de pós-operatório. O aspecto intra-operatório era compatível com hiperplasia intimal secundária a traumatismo pela cânula de cardioplegia.

Dois pacientes foram reoperados por insuficiência progressiva no auto-enxerto pulmonar. Um deles, que teve alta hospitalar com insuficiência aórtica moderada, realizou ecocardiograma de controle no 3º mês de pós-operatório, que demonstrou piora no grau de regurgitação e manutenção do aumento da cavidade ventricular esquerda. Apesar de assintomático, foi reoperado no 6º mês de evolução, quando implantamos homoenxerto aórtico criopreservado. Apesar do auto-enxerto estar aparentemente bem posicionado, as cúspides tinham aspecto de degeneração mixomatosa e estavam prolapsadas. Um outro paciente, operado com a técnica de implante subcoronariano, foi submetido a plastia do auto-enxerto com bom resultado funcional. Após 5 anos, 97,1% (LC95%= 93,2% - 100%) dos pacientes encontram-se livres de disfunção no auto-enxerto pulmonar (Gráfico 1).



Dois pacientes apresentaram estenose tubular difusa do homoenxerto pulmonar da via de saída do ventrículo direito e necessitaram de ampliação cirúrgica do mesmo. A probabilidade de estar livre de reoperação no homoenxerto valvar direito foi de 96,5% (LC95%= 91,7% - 100%) aos 5 anos de pós-operatório (Gráfico 2).



A probabilidade de estar vivo e sem nenhuma complicação pós-operatória é de 87,5% (LC95%= 77,9% - 97,2%) aos 5 anos de evolução pós-operatória (Gráfico 3).



Avaliação Funcional dos Auto-Enxertos

O aspecto ecocardiográfico do auto-enxerto pulmonar em posição aórtica foi muito semelhante ao da valva aórtica normal, com cúspides delgadas e ampla abertura. O estudo com Doppler revelou velocidades normais de fluxo, tanto na via de saída do ventrículo esquerdo como na aorta ascendente, com padrões de fluxo central laminar (Figura 3). Isso se confirmou pelas imagens angiográficas pós-operatórias, as quais se assemelham a de um indivíduo normal sem doença aórtica, e pelas curvas pressóricas de ventrículo esquerdo e aorta ascendente, que demonstraram ausência de gradientes na maioria dos pacientes (Figura 4).





Conforme demonstrado na Tabela 2, os gradientes registrados no pós-operatório imediato foram bastante baixos, e se mantiveram ou até diminuíram em alguns casos, no pós-operatório tardio.



À exceção de um caso, os auto-enxertos pulmonares eram competentes ou tinham insuficiência valvar clinicamente insignificante imediatamente após a operação (Gráfico 4).



O estudo ecocardiográfico de stress (Tabela 3) revelou que, mesmo com aumentos acentuados do débito cardíaco, não houve elevação significativa dos gradientes transvalvares nem aumento no grau de regurgitação, demonstrando o comportamento fisiológico do auto-enxerto pulmonar em posição aórtica. Isso ocorre em função das áreas valvares normais exibidas pelo auto-enxerto pulmonar.

Não houve correlação entre o diâmetro do auto-enxerto e o gradiente observado (r = -0.2361, p = 0.09), o que demonstra que a função hemodinâmica do auto-enxerto é normal mesmo quando a raiz aórtica é pequena (Gráfico 5).



Avaliação Funcional dos Homoenxertos

O resultado da reconstrução da via de saída do ventrículo direito com os homoenxertos foi muito satisfatório, conforme observação das imagens ecocardiográficas e angiográficas, não sendo observadas estenoses nas linhas de sutura proximal ou distal (Figura 5).



No pós-operatório imediato, os gradientes transvalvares foram muito discretos, conforme relacionados na Tabela 4. Da mesma forma, o grau de regurgitação, quando existente, não foi significativo.

No pós-operatório tardio, entretanto, constatou-se um aumento nas velocidades de fluxo, com elevação dos gradientes transvalvares. O aumento dos gradientes ocorreu já nos primeiros 6-12 meses de evolução, ficando estabilizados a partir de então. A exceção de dois pacientes que demonstraram gradientes instantâneos máximos de 50 e 66 mmHg, nos demais, o grau de obstrução pode ser considerado leve (Tabela 4).

O aspecto angiográfico tardio demonstrou que os gradientes tardios são causados por retração tubular difusa das paredes do homoenxerto, estando as cúspides valvares delgadas e com mobilidade preservada (Figura 6).



Durante a ecocardiografia de exercício, observamos aumento significativo dos gradientes transvalvares, demonstrando a presença de algum grau de obstrução residual através dos homoenxertos (Tabela 5).



Houve correlação estatisticamente significativa (r= -0.3428, p= 0.015) entre o diâmetro do homoenxerto e o gradiente pulmonar tardio (Gráfico 6).



Avaliação da Massa e Função Ventricular Esquerda

Observou-se, no pós-operatório imediato, uma regressão de 11% da massa ventricular esquerda em relação aos valores do pré-operatório. No pós-operatório tardio, houve importante redução adicional da massa ventricular (35%), a qual apresentou valores muito próximos da normalidade na maioria dos pacientes a partir do 6º mês de pós-operatório.

A regressão da massa ventricular esquerda se deveu, inicialmente, à diminuição da dimensão diastólica do ventrículo esquerdo e, mais tardiamente, à redução das espessuras das paredes septal e posterior do ventrículo esquerdo associada a diminuição ainda maior de sua dimensão diastólica (Tabela 6)

Observou-se, também, preservação ou melhora da função contrátil do VE, com valores normais do %DD e FE em todos os pacientes, à exceção de três que ainda tinham função ligeiramente abaixo da normalidade (Tabela 6).

Durante a ecocardiografia de stress, pode-se constatar resposta normal da função ventricular, com aumento esperado da freqüência cardíaca e hipercinesia de suas paredes. Todos os pacientes puderam completar o protocolo de exercício, a exceção de um paciente que teve o exame interrompido com dose de 20 µg/kg/min em decorrência de bigeminismo ventricular.

COMENTÁRIOS

Apesar de conceitualmente muito atrativo e com embasamento experimental bem fundamentado desde 1960, houve muita relutância para o uso rotineiro do auto-enxerto pulmonar como substituto valvar aórtico. Ao contrário do verificado com outras próteses valvares aórticas, foi necessária a comprovação dos resultados de 20 anos de evolução clínica para que a operação de Ross tivesse aceitação por outros grupos. A complexidade técnica, a necessidade de substituir duas valvas no tratamento de patologia valvar única, o risco de interferência com o fluxo coronariano e a dificuldade de obtenção de homoenxertos valvares são alguns dos fatores que ainda hoje limitam o emprego mais freqüente dessa operação (14, 15).

A escolha da prótese valvar aórtica ideal para crianças e adultos jovens ainda é problemática. Nesse grupo de pacientes, as próteses biológicas convencionais apresentam índices elevados de disfunção por calcificação precoce e a durabilidade dos homoenxertos valvares criopreservados também é limitada. Já as próteses mecânicas necessitam de anticoagulação sistêmica permanente, o que prejudica substancialmente a qualidade de vida, além de estar associada a considerável morbi-mortalidade tardia (2).

No Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, a alta prevalência da moléstia reumática faz com que número expressivo de pacientes jovens tenha necessidade de substituição da valva aórtica. A baixa condição socio-econômica dessa população torna difícil, senão impossível, o adequado manejo da anticoagulação pós-operatória. Nessas condições, a incidência de embolias pós-operatórias fica significativamente elevada, conforme demonstrado por COSTA et al. (16). Esses motivos serviram de forte estímulo para iniciar nossa experiência clínica com a operação de Ross, na tentativa de obter melhores resultados tardios.

A mortalidade hospitalar de 6,2% em nossa casuística é comparável com aquelas reportadas recentemente na literatura, que variaram de 0 a 17% (17-21). Os dados mais recentes do Registro Internacional, envolvendo a experiência de 197 cirurgiões, e portanto, representativos do estado atual da prática desse tipo de operação no mundo, demonstram uma mortalidade hospitalar de 4,8% em 3123 pacientes operados.

Apesar dos tempos mais prolongados de clampeamento aórtico e CEC, as complicações hospitalares foram muito baixas. Isso indica que o método de proteção miocárdica e o manejo da CEC foram adequados, e que com criteriosa revisão de hemostasia, o sangramento pós-operatório não constitui problema significativo.

Existem três opções técnicas básicas para o implante do auto-enxerto pulmonar: de forma livre em posição subcoronariana, pelo método de inclusão ou mini-raiz, e pela substituição total da raiz aórtica. Embora existam controvérsias quanto a melhor opção (22, 23), é importante observar que os resultados mais tardios dessa operação foram obtidos, fundamentalmente, com o implante subcoronariano, e que somente a observação mais prolongada com as outras duas técnicas nos permitirão afirmar sobre os méritos reais de cada uma (9, 10).

Em favor do implante subcoronariano estão a sua comprovada durabilidade, o menor risco de hemorragia e a menor probabilidade de interferência com o fluxo coronariano, uma vez que não é necessário o reimplante dos óstios coronarianos. Entretanto, o mau posicionamento do auto-enxerto, que tem sido descrito como a causa mais freqüente de disfunção valvar e de reoperação, é mais comum com essa técnica. Apesar de atribuirmos como problema técnico em apenas um caso, nos dois pacientes reoperados por disfunção do auto-enxerto pulmonar a técnica utilizada foi a do implante subcoronariano. Em nossa opinião, o implante subcoronariano, apesar de aparentemente não ser difícil, requer julgamento aprimorado, e só deveria ser realizado por cirurgiões com adequada experiência. Além do mais, a técnica só pode ser empregada quando a raiz aórtica é normal e tenha diâmetro semelhante ao do auto-enxerto. Na presença de distorções anatômicas importantes, deve-se, obrigatoriamente, fazer outra opção técnica.

Após o reconhecimento de que o adequado funcionamento das valvas semilunares dependia não só das cúspides valvares, mas de todo o aparelho valvar, incluindo o anel, seios de Valsalva e junção sinotubular, foram desenvolvidas técnicas que transplantavam o auto-enxerto pulmonar para a via de saída do ventrículo esquerdo como unidade íntegra, com a finalidade de minimizar as distorções durante o implante e a insuficiência valvar (18).

A técnica de inclusão incorpora esse conceito, mantendo as vantagens de menor risco de sangramento e pouca interferência com o fluxo coronariano, entretanto, por ser suturado dentro da raiz aórtica, ainda necessita que esta tenha configuração anatômica relativamente preservada. Como desvantagem, pode estar associada a maior incidência de pseudo-aneurismas nas linhas de sutura (24).

Segundo o Registro Internacional, 75% das operações de Ross da "era moderna" foram realizadas pela substituição total da raiz aórtica. Seguindo a mesma tendência, utilizamos essa técnica em 88% dos casos, e achamos que, apesar de trabalhosa, ela é perfeitamente reprodutível. Na experiência de ELKINS et al. (25), a substituição total da raiz teve maior mortalidade imediata em decorrência de sangramento pelas linhas de sutura. PACIFICO et al. (26) tiveram experiência semelhante, e propõem o revestimento do auto-enxerto pulmonar com pericárdio bovino como forma de diminuir a hemorragia pós-operatória. Por esse mesmo motivo, KUMAR et al. (27) e GEROSA & CASAROTTO (28) descreveram algumas manobras técnicas para evitar o sangramento. Concordamos que essa técnica seja mais vulnerável à hemorragias, as quais, em algumas situações, são de difícil controle. Entretanto, pela meticulosa sistematização de todas as fases da operação e com o emprego rotineiro de uma sutura de reforço dos remanescentes da parede aórtica com a adventícia da artéria pulmonar, o sangramento não constituiu problema significativo em nossos casos.

A técnica de substituição total da raiz facilita o perfeito posicionamento do auto-enxerto, podendo ser empregada mesmo na presença de importantes distorções anatômicas desse segmento. Entretanto, conforme enfatizado por JOYCE et al. (29), especial atenção aos detalhes e cuidadosa sistematização de todos os passos da operação são fundamentais para obter bons resultados.

Embora a importância de se evitar o primeiro ramo septal durante o explante do auto-enxerto pulmonar tenha sido extensivamente enfatizada por GEENS et al. (30), já no início da década de 70, lesões acidentais ainda são ocasionalmente reportadas como causa de mortalidade (17). Em nossa série, a lesão de um primeiro ramo septal bastante superficial foi responsável por um dos óbitos hospitalares.

A valva pulmonar, ao contrário da aórtica, não possui um anel fibroso de sustentação, sendo portanto facilmente distensível, quando submetida a pressões elevadas. Por esse motivo, é fundamental que a linha de sutura proximal do implante do auto-enxerto pulmonar seja realizado em um plano intra-anular na raiz aórtica, pois é o anel da valva aórtica nativa que conterá a dilatação do auto-enxerto quando submetido agudamente a pressões sistêmicas (8).

A sutura dos remanescentes da parede aórtica na adventícia do auto-enxerto pulmonar como reforço da linha de sutura proximal nos parece importante não só para evitar o sangramento imediato, como também para prevenir a ocorrência de pseudo-aneurismas tardios (18, 31).

Conforme descrito por DAVID et al. (18), qualquer desproporção de calibre (proximal e/ou distal) entre o auto-enxerto e a raiz aórtica deve ser adequadamente corrigida antes do implante, no sentido de se minimizar a insuficiência valvar pós-operatória. Em nossa experiência, tais procedimentos plásticos corretivos foram necessários em 24% dos casos, sendo sua efetividade comprovada pela ausência de regurgitação clinicamente significativa no pós-operatório.

O reimplante dos óstios coronarianos é crítico, e eventuais angulações e/ou torções tanto da artéria coronária direita como da esquerda podem ter conseqüências fatais. Angulações do tronco da artéria coronária esquerda, apesar de pouco comuns, foram causa de mortalidade em algumas experiências (25, 32), sendo também a causa do primeiro óbito em nossa série. Angulações da artéria coronária direita são, entretanto, mais freqüentes, e algumas manobras cirúrgicas foram descritas para evitá-las (29). Isso foi confirmado em nossa experiência pela necessidade de se revascularizar a coronária direita em quatro pacientes com disfunção ventricular direita no momento de descontinuação da CEC. Por esse motivo, achamos que ampla dissecção da porção proximal da coronária direita deva ser realizada sempre que houver qualquer suspeita de tensão na anastomose.

Aspecto ainda não esclarecido com relação ao emprego da técnica da substituição total da raiz refere-se ao comportamento tardio da parede arterial pulmonar. Se, por um lado, a durabilidade das cúspides valvares já é amplamente documentada, dúvidas ainda persistem sobre a eventual possibilidade de dilatação progressiva na parede arterial do enxerto (33).

SCHOOF et al. (34) demonstraram experimentalmente em porcos que, auto-enxertos pulmonares implantados com a técnica de substituição total da raiz não só cresceram como também apresentaram algum grau de dilatação. A análise macroscópica dos auto-enxertos explantados demonstrou que a parede arterial pulmonar continuou sendo mais fina que a da aorta, e manteve características histológicas próprias da artéria pulmonar, o que demonstra que o remodelamento da parede arterial é incompleto. No âmbito clínico, ELKINS et al. (35) demonstraram, em crianças, que o auto-enxerto pulmonar apresenta crescimento real, proporcional ao crescimento somático. Entretanto, esse aumento foi maior nos que tinham substituição total da raiz do que naqueles com implante subcoronariano, o que sugere que algum grau dilatação possa ter ocorrido. Esses achados foram confirmados por outros investigadores (36, 37).

Mais recentemente, DE SA et al. (38) demonstraram a presença de alterações histológicas degenerativas na parede arterial pulmonar de pacientes com valvopatia aórtica bicúspide. Isso pode explicar alguns casos de dilatação aneurismática tardia do auto-enxerto pulmonar, conforme reportados por DAVID et al. (39) e TAKKENBERG et al. (40).

Por outro lado, KOUCHOUKOS et al. (41) não observaram dilatação em 33 pacientes submetidos a substituição total da raiz e acompanhados por um período médio de 24 meses. Da mesma forma, PRAT et al. (32) também não puderam demonstrar nenhum aumento significativo nos diâmetros do auto-enxerto pulmonar na fase tardia. Apesar de nossa avaliação ecocardiográfica não ter incluído medições específicas das dimensões do auto-enxerto, nossa impressão subjetiva é de que os seus diâmetros têm se mantido inalterados.

O desempenho hemodinâmico das próteses biológicas e mecânicas atuais é satisfatório, entretanto, todas deixam gradientes residuais, mesmo em repouso. Em condições de exercício, freqüentemente pode-se observar o aparecimento de gradientes muito elevados, o que pode explicar a limitação funcional de alguns pacientes após uma operação aparentemente bem sucedida (42, 43).

A nossa avaliação da função hemodinâmica demonstrou que, uma vez corretamente implantado, o auto-enxerto pulmonar apresentou desempenho fisiológico, com velocidades de fluxo, gradientes transvalvares e áreas efetivas de fluxo similares aos da valva aórtica nativa normal e incidência desprezível de refluxo. Esses resultados foram mantidos tardiamente, não havendo aparecimento de estenose progressiva em nenhum paciente. É importante observar que os gradientes de pressão foram consistentemente baixos, independente do diâmetro anular aórtico, o que faz a operação de Ross especialmente atrativa em pacientes com hipoplasia anular.

O adequado desempenho hemodinâmico do auto-enxerto pulmonar em repouso já foi bem documentado na literatura, entretanto, até mais recentemente, não havia dados para as condições de exercício. OURY et al. (44) realizaram estudo ecocardiográfico em condições de exercício, demonstrando que o desempenho hemodinâmico do auto-enxerto pulmonar de atletas que submetidos a operação de Ross foi similar ao da valva aórtica de atletas normais. Em nosso estudo, utilizando dobutamina em doses de até 40 µg/kg/min, pudemos simular condições extremas de exercício com aumento médio de 2,7 vezes no débito cardíaco. Mesmo nessas condições, não se observou gradientes significativos no auto-enxerto pulmonar, confirmando o seu comportamento fisiológico também em exercício. Nossos dados foram absolutamente superponíveis aos de OURY et al. (44).

As implicações clínicas do emprego de próteses com função hemodinâmica superior ainda não estão perfeitamente definidas, mas, especula-se que, por propiciarem uma regressão mais completa da hipertrofia e massa ventricular, a sobrevida tardia possa ser aumentada. JIN et al. (45) demonstraram que a massa ventricular regrediu de forma mais completa em pacientes submetidos a implante de homoenxerto valvar aórtico do que naqueles com próteses aórticas convencionais. Nossos dados demonstram que pela normalização da espessura das paredes posterior e septal e das dimensões da cavidade ventricular esquerda, a massa ventricular esquerda se normalizou entre o 6º e 12º mês de pós-operatório, assim permanecendo tardiamente. A função ventricular esquerda também se normalizou, inclusive no exercício, onde pudemos observar hipercinesia de todas as paredes sem evidência de disfunção miocárdica regional.

Apesar da função hemodinâmica dos homoenxertos utilizados para reconstrução da via de saída do ventrículo direito ser normal no pós-operatório imediato, pudemos observar a ocorrência de gradientes mais tardiamente. O grau de obstrução é leve na maioria dos pacientes, sendo a média dos gradientes instantâneos máximos de 21 mmHg e a média dos gradientes médios de 13 mmHg, não sendo observado nenhum caso de hipertrofia ou disfunção ventricular direita. Em dois pacientes, entretanto, gradientes instantâneos máximos de 50 e 66 mmHg foram registrados. Em nossa experiência, esses gradientes se evidenciam já no 6º - 12º mês de pós-operatório, ficando em seguida estabilizados, sem tendência de progressão.

Durante a ecocardiografia de stress com dobutamina, o comportamento hemodinâmico dos homoenxertos foi similar aos descritos para próteses convencionais, com aumento mais acentuado dos gradientes em resposta a débitos cardíacos mais elevados. A importância desses gradientes na função ventricular direita, na capacidade funcional e na evolução tardia desses pacientes ainda não é conhecida.

A ocorrência de gradientes tardios nos homoenxertos já foi descrita por outros autores, e seu mecanismo ainda não é totalmente conhecido (18,37). Na experiência de WARD et al. (46), 25% dos pacientes apresentaram gradientes de pico superiores a 25 mmHg, sendo acima de 50 mmHg em 4 de 114 pacientes.

A ocorrência de reação imunológica nos homoenxertos valvares já é amplamente documentada. Em decorrência de seu maior grau de viabilidade celular, é possível que homoenxertos criopreservados tenham maior propensão a desenvolverem estenose tubular difusa conseqüentes a fibrose e retração cicatricial por rejeição (47-50). Curiosamente, MOIDL et al. (51) constataram que os pacientes que apresentaram febre pós-operatória tiveram maiores gradientes tardios, o que reforçaria a hipótese de rejeição. Por esse motivo, alguns autores sugerem o emprego de homoenxertos frescos, preservados somente em solução nutriente com antibióticos, preferencialmente com compatibilidade ABO-Rh (48).

Nos dois pacientes reoperados por estenose tardia do homoenxerto o estudo angiográfico demonstrou que, apesar das cúspides estarem com mobilidade normal, o gradiente era causado por estenose tubular difusa do enxerto (Figura 6). Esse mesmo achado angiográfico foi reportado por KOUCHOUKOS et al. (41) e WARD et al. (46). Uma das maneiras propostas para minimizar essa complicação é o emprego de homoenxertos de grande calibre (52). Em nossa experiência pudemos demonstrar que a utilização de homoenxertos de maior calibre resulta em menores gradientes tardios.

Os resultados de longo prazo com a operação de Ross demonstram que a necessidade de reoperações do lado direito do coração foram pouco freqüentes quando se utilizou homoenxertos. Entretanto, após os trabalhos de BANDO et al. (53) e YANKAH et al. (54) demonstrando que na reconstrução da via de saída do ventrículo direito de neonatos e crianças com cardiopatia congênita, homoenxertos pulmonares apresentam menor incidência de calcificação do que homoenxertos aórticos, o emprego dos homoenxertos pulmonares tem sido preferido.

Em decorrência da dificuldade de obtenção de homoenxertos, algumas alternativas têm sido propostas para a reconstrução da via de saída do ventrículo direito. SCHLICHTER et al. (55) obtiveram bons resultados em crianças com o uso de tubos valvados de pericárdio autólogo. Entretanto, convém lembrar que MATSUKI et al. (9) tiveram alto índice de disfunção tardia com esse tipo de enxerto. Talvez a imersão do pericárdio autólogo em solução de glutaraldeído antes do implante possa conferir melhor estabilidade tecidual e melhorar os resultados com esse tipo de conduto (56).

O uso de tubos valvados de pericárdio bovino ou do heteroenxerto pulmonar porcino conservado em glutaraldeído estão sendo avaliados e podem representar uma boa opção em pacientes mais velhos (57, 58).

Na tentativa de se utilizar apenas tecidos autólogos, DELEON et al. (59) utilizaram a valva aórtica para a reconstrução da via de saída do ventrículo direito. Apesar dela ser insuficiente, funcionou de forma adequada no lado direito, onde graus moderados de regurgitação podem ser bem tolerados.

Nossa sobrevida tardia de 98,9% (a maioria em classe funcional I) atestam a qualidade desta operação. Dados similares foram reportados por DAVID et al. (18) e ELKINS et al. (60), sendo provavelmente melhores que os reportados para as próteses mecânicas. Na experiência de CHAMPSAUR et al. (5) a sobrevida após o implante de próteses mecânicas foi de 84% aos 60 meses e na de CABALKA et al. (4) foi de apenas 80% em 3 anos.

Apesar de não poderem ser diretamente comparadas, a sobrevida de 47% aos 26 anos de evolução com 81% dos pacientes ainda com o auto-enxerto normofuncionante (10) parece melhor que a sobrevida de 23% aos 30 anos com a prótese de Starr-Edwards. Embora 62% desses pacientes estivessem livres de disfunção da prótese mecânica, complicações relacionadas a prótese e insuficiência cardíaca congestiva foram causas freqüentes de óbito (61).

Chama a atenção o fato de não haver nenhum caso de tromboembolismo periférico sem medicação anticoagulante e/ou antiadesiva plaquetária, não tendo sido observado também nenhum caso de endocardite infecciosa. Isso seguramente proporciona uma excelente qualidade de vida sem limitações físicas ou psicológicas. CABALKA et al. (4) observaram 5 casos de hemorragia e um acidente vascular cerebral embólico em 36 pacientes com prótese aórtica mecânica acompanhados por um período de 3 anos. Na experiência de CHAMPSAUR et al. (5), a incidência linearizada de hemorragia e AVC embólico foi de 0,6% / ano.

A incidência de disfunção do auto-enxerto tem sido baixa, sendo de 3% aos 3 anos, segundo os dados do Registro Internacional. Conforme demonstrado por ELKINS et al. (62) e CHAMBERS et al. (10), muitos casos de insuficiência do auto-enxerto puderam ser adequadamente tratados através de procedimentos plásticos conservadores, mantendo os benefícios do auto-enxerto. Em um dos nossos casos, a resuspensão da cúspide não coronariana foi efetiva em reestabelecer a competência valvar.

O outro caso de disfunção do auto-enxerto pulmonar ocorreu em um paciente com diagnóstico pré-operatório de insuficiência em valva bicúspide. Investigações mais recentes indicam que a valva pulmonar pode estar estruturalmente alterada nessa condição, o que obviamente contra-indicaria o procedimento (38). Durante a reoperação, constatamos que o auto-enxerto estava aparentemente bem posicionado, entretanto, as cúspides tinham aspecto mixomatoso, não sendo possível o seu reparo. Caso semelhante foi relatado por MELO et al. (63) que recomendam arteriografia pulmonar de rotina para assegurar a normalidade da valva pulmonar.

A operação de Ross, inicialmente, tinha indicações restritas, limitando-se a pacientes aórticos com até 40 anos, sem lesões concomitantes e função ventricular normal. A medida que a experiência aumentou, as indicações foram sendo ampliadas de forma a incluir neonatos com estenose aórtica complexa, pacientes mais velhos, casos com disfunção ventricular, com lesões valvares associadas, com endocardite bacteriana, além de pacientes com aterosclerose coronária e aneurismas da aorta (64, 65). Nossa casuística contém pacientes com até 50 anos, 3 com disfunção ventricular esquerda importante e 2 que tiveram tratamento plástico da valva mitral no mesmo procedimento. Dois pacientes que apresentavam estenose aórtica valvar e subvalvar recidivada foram tratados pela operação de Ross-Konno, com função hemodinâmica normal no pós-operatório. Quatro pacientes tinham endocardite bacteriana, sendo 2 na fase aguda (um deles com aneurisma micótico da aorta ascendente), não ocorrendo óbito nem recidiva da infecção em nenhum caso.

Dentre as contra-indicações para a operação de Ross encontram-se a síndrome de Marfan e doenças do tecido colágeno como o lupus eritematoso e a artrite reumatóide (66).

Disfunção do auto-enxerto pulmonar por seu envolvimento em surtos recidivantes de moléstia reumática foi descrito (9, 56, 67), o que torna a profilaxia mandatória nesses pacientes. Apesar de AL-HALEES et al. (67) terem reportado índices elevados de disfunção do auto-enxerto pulmonar (12% em 3 anos) em pacientes com moléstia reumática, a análise mais pormenorizada dos seus dados revela que em apenas 3 casos o envolvimento reumático foi comprovado, podendo ser de outra natureza nos demais.

Em nossa experiência, 55% dos pacientes são reumáticos, e nenhum caso desse tipo de disfunção pode ser detectado. Durante a operação, entretanto, pudemos observar através do orifício da valva aórtica que, apesar de não haver disfunção valvar mitral manifesta, o seu envolvimento reumático era evidente. Apesar do valor prognóstico dessa situação ainda não estar bem definido, nossa incidência de 8% de reoperações por progressão da patologia valvar mitral indica que os benefícios da operação de Ross possam ser comprometidos em reumáticos com envolvimento mitral associado.

Um último aspecto a ser considerado é o econômico. JAGGERS et al. (68) demonstraram que, apesar do homoenxerto criopreservado ser mais caro do que uma prótese mecânica, o custo total da internação hospitalar foi semelhante nos dois grupos. Entretanto, por não necessitar de anticoagulantes e consequentemente de controle laboratorial, pela menor incidência de complicações tardias e reinternações hospitalares, a operação de Ross provavelmente deva ser mais econômica que as operações convencionais.

CONCLUSÕES

A substituição da valva aórtica por auto-enxerto pulmonar foi realizada com baixa mortalidade, comparável à da literatura internacional.

A incidência de complicações tardias relacionadas ao auto-enxerto pulmonar foi baixa, não sendo observado nenhum caso de disfunção tecidual primária.

Auto-enxerto pulmonar apresentou desempenho hemodinâmico próximo ao fisiológico, com baixos gradientes de pressão tanto em repouso como em exercício, e com graus insignificantes de refluxo.

Os homoenxertos utilizados para a reconstrução da via de saída do ventrículo direito apresentaram desempenho hemodinâmico imediato adequado, entretanto, foi freqüente o aparecimento de discretos gradientes tardios.

Diâmetro do homoenxerto e idade do receptor foram os únicos fatores preditivos para o aparecimento de gradientes pulmonares tardios.

Houve significativa redução da massa ventricular esquerda, atingindo valores normais entre o 6º e o 12º mês de pós-operatório.

Do mesmo modo, os índices de função ventricular esquerda estiveram dentro da normalidade tanto em repouso como em exercício.

Não observamos nenhum caso de envolvimento reumático do auto-enxerto pulmonar na fase pós-operatória.

A sobrevida tardia foi excelente, com baixa morbidade pós-operatória.

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